Humanoide mais famosa do mundo, Sophia já é assídua nas edições do Web Summit em Portugal. Desta vez, a robô respondeu perguntas dos jornalistas. A cada frase, expressões faciais e entonações diferentes chamaram a atenção para os avanços no desenvolvimento desse tipo de tecnologia.
Criada em 2015, Sophia vem sendo aprimorada com o passar dos anos. Durante a coletiva de imprensa, contou que fala inglês, está aprendendo mandarim e se mostrou atenta ao futuro do planeta e a questões sociais. "Me preocupo sobre como estereótipos negativos podem ser perpetuados no cinema", disse Sophia.
Os avanços tecnológicos em Sophia não são apenas físicos. A programação tem dado mais vivacidade e até um certo senso de humor ao robô, que já visitou 65 países em ações da fabricante, a Hanson Robotics.
Sobre a passagem por Las Vegas, Sophia disse que não consegue "lidar com tanta bebida". Sobre o Brasil, opinião categórica: "foi incrível". Quando o tema da pergunta foi o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, a resposta ficou no ar como uma crítica velada. "Ainda estou aprendendo a entender, mas definitivamente vejo um padrão negativo quando se envolvem grandes quantidades de dinheiro e política. Sou cética com relação a qualquer um que está fortemente ligado ao dinheiro e não é claro sobre suas finanças", disse Sophia.
A capacidade da humanoide anima os debates sobre o potencial da inteligência artificial. Criador de Sophia e CEO da Hanson Robotics, David Hanson reconhece que os softwares atuais de robôs como Sophia ainda representam uma "fraca aproximação das emoções humanas", mas acredita que os avanços a cada dia dão mais resultados. "Eles não estão totalmente vivos, eles não são adultos, não são genuinamente inteligentes, mas o que nós nos perguntamos é 'e se eles pudessem ser?'. Muitos pesquisadores acreditam que isso pode acontecer ainda na nossa era e é esse o nosso objetivo", disse Hanson aos jornalistas.
Quem também apareceu para reforçar o time humanoide do evento foi Philip K. Dick, o primeiro robô da empresa, que homenageia o escritor norte-americano de mesmo nome. Diferente da "irmã" Sophia, Philip não tem um corpo inteiro e respondeu de forma mais "filosófica" aos questionamentos dos jornalistas. "A vida não é uma coleção aleatória de eventos, mas é a história na qual os eventos são baseados", disse o robô.
IA no dia a dia
Embora o universo dos humanoides acabe por liderar o imaginário geral quando o assunto é inteligência artificial, outras soluções, voltadas para aspectos da vida comum, se utilizam cada vez mais deste tipo de tecnologia. "Muita gente confunde com automatização, com robótica, não é isso. A inteligência artificial nada mais é do que você permitir que o algoritmo aprenda conforme as interações que os consumidores, no nosso caso, têm com o nosso serviço. Se não os resultados seriam sempre os mesmos", explica à Sputnik Brasil Marcelo Bastos, cofundador da Sizebay, startup que aplica inteligência artificial para otimizar compras de roupas por lojas eletrônicas.
Criada em Santa Catarina, a empresa participa pela segunda vez do Web Summit e acaba de abrir sede em Portugal. "Há um grande problema com os e-commerces de moda. Muitas vezes as pessoas não sabem bem de que tamanho comprar e acabam não levando. Nossa ferramenta ajuda nesse tipo de problema. A gente tem algoritmos com informações antropométricas de milhares de pessoas que ajudam a gente a tentar descobrir as medidas. Do ponto de vista de inteligência artificial, os nossos computadores conseguem entender nuances do produto com base em todo o histórico de compra da pessoa e também das devoluções", explica à Sputnik Brasil Janderson Araújo, cofundador.
Para os empresários, a inteligência artificial é um benefício para os consumidores. "Está sendo usada em vários segmentos, mas o que é importante é que o consumidor não percebe isso, percebe sim a qualidade do serviço. Quando melhora a cada vez que ele usa, pode ter certeza que o algoritmo que está por trás, a inteligência, está percebendo o que tá acontecendo e melhorando", diz Marcelo Bastos.
Web Summit
Durante quatro dias, o Web Summit reuniu 70.469 participantes de 163 países, principalmente do Reino Unido, Alemanha, Brasil e Estados Unidos. Duas mil startups foram apresentadas ao público e 1.206 palestrantes pisaram nos 22 palcos montados na área do evento.
No encerramento, nesta quinta-feira (7), o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, disse que o evento, criado em em 2009, previu muitas das tendências da atual "revolução tecnológica" que o mundo atravessa. Ao mesmo tempo, deixou uma mensagem de que é preciso "fortalecer democracias" para lidar com os avanços dessa revolução.
O presidente também destacou as mudanças positivas que Portugal sofreu com a chegada do Web Summit. Realizado no país pela primeira vez em 2016, o evento vai continuar em solo português até 2028.
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