A
Última Ceia de Ghirlandaio, datada de 1480, e realizada, portanto,
quinze anos antes da pintura de Da Vinci, contém os elementos típicos da
composição com que Leonardo se deparou à sua época: a mesa, com
laterais recurvadas; Judas sentado na frente, sozinho: os outros onze
postados atrás, com João adormecido ao lado do Senhor, os braços
apoiados na mesa. Cristo elevou a mão direita, dizendo algo.
Mas a revelação da traição já deve ter ocorrido, portanto se veem os
discípulos contristados, alguns protestam sua inocência e Judas é
admoestado por Pedro.
A obra de Ghirlandaio mostra uma reunião desprovida de um centro, vendo-se as meia figuras mais ou menos autônomas, comprimidas entre as duas grandes linhas horizontais, formadas pela mesa e pela parede traseira rente sobre as cabeças. Há ainda o acréscimo de um ornato sustentando o arco, que aparece justamente no meio da parede, obrigando o artista a afastar Cristo para livrá-lo do embaraço.
Leonardo rompeu com a tradição em dois pontos. Ele tirou Judas de seu isolamento, fazendo-o sentar-se ao lado dos outros discípulos, e, além disso, emancipou-se do velho motivo que mostrava João aconchegado ao Senhor (adormecido, como se dizia). Desta maneira, ele obteve um maior equilíbrio da cena, e os discípulos puderam ser distribuídos simetricamente dos dois lados do Senhor.
Leonardo, para quem era de suma importância ressaltar a figura principal, jamais teria aceito qualquer ornato. Pelo contrário, na configuração do pano de fundo, ele busca novos recursos que atendam aos seus objetivos: centralizar Cristo em meio à luz que se infiltra na cena. Toda a perspectiva do recinto como a forma e a decoração das paredes são subordinadas à intenção de extrair o máximo efeito das figuras. Tudo converge para o realce da solidez e volume dos corpos. As linhas não fazem concorrência às figuras, como no caso de Ghirlandaio, que com seus grandes arcos no fundo fazem as figuras parecerem pequenas.
Leonardo conservou apenas uma linha horizontal, a linha da mesa, suprimindo ainda as laterais recurvadas. Ainda o artista cria o impossível: a mesa é pequena demais para caber todos os apóstolos e Cristo. Leonardo quis evitar que os discípulos se perdessem na mesa comprida, e o efeito é tão eficaz que nem notamos a insuficiência dos lugares. Por isso, juntou as figuras em grupos fechados, mantendo-as em contato com a figura principal. Os grupos todos se movimentam. A palavra de Cristo caiu como um raio, gerando um tumulto de sentimentos que irrompe em toda parte. Não falta dignidade aos apóstolos, mas suas posturas os definem como homens aos quais está por ser arrebatado o que lhes é mais sagrado.
A obra de Ghirlandaio mostra uma reunião desprovida de um centro, vendo-se as meia figuras mais ou menos autônomas, comprimidas entre as duas grandes linhas horizontais, formadas pela mesa e pela parede traseira rente sobre as cabeças. Há ainda o acréscimo de um ornato sustentando o arco, que aparece justamente no meio da parede, obrigando o artista a afastar Cristo para livrá-lo do embaraço.
Leonardo rompeu com a tradição em dois pontos. Ele tirou Judas de seu isolamento, fazendo-o sentar-se ao lado dos outros discípulos, e, além disso, emancipou-se do velho motivo que mostrava João aconchegado ao Senhor (adormecido, como se dizia). Desta maneira, ele obteve um maior equilíbrio da cena, e os discípulos puderam ser distribuídos simetricamente dos dois lados do Senhor.
Leonardo, para quem era de suma importância ressaltar a figura principal, jamais teria aceito qualquer ornato. Pelo contrário, na configuração do pano de fundo, ele busca novos recursos que atendam aos seus objetivos: centralizar Cristo em meio à luz que se infiltra na cena. Toda a perspectiva do recinto como a forma e a decoração das paredes são subordinadas à intenção de extrair o máximo efeito das figuras. Tudo converge para o realce da solidez e volume dos corpos. As linhas não fazem concorrência às figuras, como no caso de Ghirlandaio, que com seus grandes arcos no fundo fazem as figuras parecerem pequenas.
Leonardo conservou apenas uma linha horizontal, a linha da mesa, suprimindo ainda as laterais recurvadas. Ainda o artista cria o impossível: a mesa é pequena demais para caber todos os apóstolos e Cristo. Leonardo quis evitar que os discípulos se perdessem na mesa comprida, e o efeito é tão eficaz que nem notamos a insuficiência dos lugares. Por isso, juntou as figuras em grupos fechados, mantendo-as em contato com a figura principal. Os grupos todos se movimentam. A palavra de Cristo caiu como um raio, gerando um tumulto de sentimentos que irrompe em toda parte. Não falta dignidade aos apóstolos, mas suas posturas os definem como homens aos quais está por ser arrebatado o que lhes é mais sagrado.
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