O mistério envolve o povo cigano como o ar que ele respira. Da Lua Cheia, retira a magia; da dança e da musica, toda a alegria; da natureza, a força e a energia. E para Santa Sara, ele volta sua fé, seus pedidos e seus agradecimentos.
A religiosidade faz parte da vida dos ciganos desde o nascimento ate a morte, e para poderem cultuar seus santos sem serem vitimas dos preconceitos dos não ciganos é que eles costumavam se converter à religião dominante do local em que se estabeleciam. Então, os grupos que foram para a Europa se declararam católicos e se ligaram a Santa Sara que tinha origens misteriosas e a pele morena como eles.
Dessa aura de mistério que pairava na imagem de Sara saíram varias historias e versões para o seu aparecimento. Ela é considerada uma santa católica, mas não passou pelos processos de canonização desta Igreja. Também se liga a uma forte tradição européia medieval, o culto às virgens negras. Muitas santidades femininas, representadas durante toda a Idade Media. E muitos católicos transformavam as igrejas onde elas foram encontradas em santuários de peregrinação.
No Candomblé e nas mitologias e cultos africanos também se cultuam às Virgens. Uma das historias diz que Sara era uma escrava egípcia de uma das três Marias, Madelena, Jacobé ou Salomé; e junto com José de Arimatéia, Trófimo e Lázaro foi colocada, pelos judeus, em uma barca sem remos e alimentos. Talvez por um milagre, ou por obra do destino, eles chegaram a salvo a uma praia próxima a Ssintes Maries de la Mer em Camargue, região sul da França.
Outra versão conta que Sara era moradora de Camargue e teve piedade das Marias, resolvendo ajuda-las. Também dizem que ela era uma rainha das terras de Camargue ou uma sacerdotiza do antigo culto celta ao deus Mitra. Uma das explicações para estas histórias é que em Camargue existiram varias colônias de antigas civilizações como a egípcia a cretense, a fenícia e a grega. Por isso, muitos poetas e menestréis contaram a historia de Sara, de acordo com o que ouviam de seu povo, e assim, o mito em torno dessa poderosa santa foi difundido pelo mundo e ele continua, até hoje, a ser adorada entre as comunidades ciganas.
Em minhas visões sensitivas, percebo que ela era sim egípcia. Mas não escrava. Uma mulher rica, talvez rainha e sacerdotisa de um templo ao mesmo tempo. Mas, foi traída e tomada de seu posto e assim escravizada. No entanto com ajuda de ciganos valentes e seus seguidores conseguiu fugir e acampar no deserto. Das bencoaos de riqueza de Sara é que vem a sorte dos ciganos em juntar bens. E dos conhecimentos sacerdotais o dela vem o dom das previsões sensitivas.
Para pedir proteção a ela, os ciganos reservaram o dia 24 de maio. A Negra ou Santa Sara Kali. Esta ultima denominação deve-se a Kali, uma das principais deusas indianas. Esta divindade centraliza o poder criativo e destrutivo que existe nas mulheres – tudo, claro, segundo as lendas. Mas independente do dia especial dedicado a ela, sempre que precisar, peça ajuda à Santa Sara, e confirme o poder que ela tem.
Então quando precisar das boas energias de Sara, com, ore: “Santa Sara, pelas forças das águas, Santa, com seus mistérios, possa estar sempre a meu lado, pela força da natureza. Nós, filhos dos ventos, das estrelas e da Lua Cheia, pedimos a senhora que esteja sempre ao nosso lado; pela figa, pela estrela de cinco pontas; pelos cristais que hão de brilhar sempre em nossas vidas. E que os inimigos nunca nos enxerguem, como a noite escura, sem estrelas e sem luar.
A Tsara é o descanso do dia-a-dia, a Tsara é a nossa tenda. Santa Sara me abençoe; Santa Sara, acompanhe. Santa Sara, ilumine minha Tsara, para que todos que batam a minha porta, eu tenha sempre uma palavra de amor e de carinho. Santa Sara, que eu nunca seja uma pessoa orgulhosa, que eu seja sempre a mesma pessoa humilde”.
Carlinhos Lima – Astrólogo, Tarólogo e pesquisador
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