O TEMPLO DE SET
TEMPLO DE SET
Segundo
os setianos, existe uma "consciência" no homem, que na maior parte das
pessoas, permanece escondida durante toda uma vida. Daí a necessidade de
conhecê-la, descobri-la e usá-la. Partindo de que a sociedade
convencional é constituída de "homens adormecidos", sendo condicionados à
tudo e todos que estão ao seu redor, seria de suma importância o homem
aprender a pensar, a raciocinar e entender as coisas, sem atribuir a um
deus imaginário qualquer fenômeno de difícil compreensão. O que ele não
compreende, vira produto da "vontade divina", e seguindo a máxima dos
crentes "Não devemos ousar entender Deus e seus Mistérios". O que o
Templo de Set propõe, é que descubramos a verdade por trás das coisas e
que nos livremos de tais fantasias. Certa vez disse Aleister Crowley,
"não há nenhum deus senão o homem". Mas ele estava enganado. Deus existe
e é maravilhoso, Justo e magnífico. No que diz respeito à Magia Negra,
os setianos encaram-na como expressão máxima da vontade do homem,
maneira pela qual perseguem metas e traçam objetivos, sem associação
alguma à malefícios ou sacrifícios de animais e de pessoas. O ponto a
ser observado é o seguinte: na Magia Branca, realiza-se a vontade de
Deus, e não a do homem. Na Magia Negra, tendo o homem como seu próprio
Deus, a sua vontade é realizada, usando seres inferiores no auxílio da
realização desta, alcançando assim a expressão mais divina de si mesmo.
Mas na verdade assim o homem fica muito mais próximo da bestialidade do
que do poder e da evolução.
A
Filosofia Setiana - O Templo de Set procura ao máximo honrar e
preservar a consciência, ao contrário das outras religiões que adoram a
natureza, causando assim forte associação ao Satanismo (conhecido agora
como o Caminho da Mão Esquerda), devido ao fato de "endeusar" ao homem,
ou seja, a si mesmo. O Caminho da Mão Esquerda é o processo para a
criação de uma Essência individual e poderosa que existe acima e além da
vida animal. É o verdadeiro veículo para a imortalidade pessoal. Este
processo tem alguns componentes: Antinomianismo - A Iniciação começa com
a negação e rejeição da mentalidade de rebanho. Os valores culturais e
sociais das massas são verdadeiros obstáculos para o desenvolvimento
espiritual individual. Cada um formula seus próprios valores. Nas
religiões ocidentais convencionais, tal independência é chamada de
"Satanismo". Em um experimento nos anos 60, a
Igreja de Satã, alguns princípios contemporâneos prefigurando o Templo
de Set foram explorados e avaliados, resultando na mais sofisticada
formulação do mesmo, já em 1975. O Templo de Set continua sendo a única
instituição "Satânica" legalmente reconhecida no mundo. O iniciado não
busca apenas se libertar de um "deus" externo, e sim, de tudo o que
controla externamente, coisas como propaganda, mídia, hábitos e
costumes. A sociedade convencional frequentemente condena aquilo que não
pode facilmente entender. Coisas como racismo, sexismo, etc., são
rigorosamente condenadas por essa sociedade. No Templo de Set, segundo
os adeptos, eles não promovem nenhuma dessas coisas, insinuando que
qualquer manifestação de independência intelectual da consciência é algo
mal visto perante a sociedade, o que não deixa de ser extremamente
lógico. Mas longe da verdade absoluta.
Individualidade
- Ninguém fará por você o seu trabalho de auto-transformação. Cabe a si
mesmo a intensidade de sua busca, e não ao Templo. É você quem deve
ditar suas metas e objetivos, não com impulso e emoção, e sim através da
sabedoria.
Controle
- O Iniciado deve ter um forte senso de disciplina para conseguir
aquilo que deseja, e a habilidade de reconhecer, iniciar e completar
grandes missões é o que o diferencia de alguns pobres ocultistas, que
tentam ser grandes através de incoerentes "feitiços".
Magia
Negra - Num sentido muito bem definido, os setianos praticam a chamada
Magia Negra. Sua fórmula é "minha vontade será feita", em oposição à
Magia Branca, cuja fórmula é "vossa vontade será feita". A Magia Negra é
evitada, porque ela significa ter absoluta responsabilidade sobre seus
atos e conseqüências. Usá-la por motivos egoístas não é uma atitude
setiana. A Magia Negra, dentro da filosofia Setiana, é o meio pelo qual o
Iniciado experimenta sua própria divindade, em vez de rezar para deuses
imaginários. Mas na verdade não se encontra nada de divino nisso, e sim
torna-se um louco.
Set
- É a mais antiga forma conhecida do Príncipe das Trevas. É o deus
egípcio Set, cujo sacerdócio remonta a épocas pré-dinásticas. Imagens de
Set tem sido datadas de antes de 3200 a.C.
Set é uma imagem metafísica bem mais complexa e menos estereotipada que
o judaico-cristão Satã. Satã simbolizava a rebelião contra a lei
cósmica e pode simbolizar o compromisso inicial de muitas pessoas em sua Iniciação,
mas é um símbolo preso a religiões convencionais e a seus códigos de
moral. Na antiga cultura egípcia, Set passou por grandes períodos de
popularidade e outros de grande impopularidade. Nos períodos
pré-dinásticos e arcaicos, era uma divindade extremamente positiva,
visto como uma extensão da existência. Era dessa forma, o deus da
expansão dos limites e das mudanças do ser. Era popular entre os
orientais, com seu culto tendo sido espalhado rapidamente. Durante o
Médio Império Set foi reduzido a um símbolo do Egito Superior e
aparentemente visto somente o festival Setiano de heb-sed (unificação).
Foi nessa época que ele foi acusado do assassinato do deus Osíris.
Anteriormente, dizia-se que tal deus havia morrido afogado. Não importa o
quanto os osirianos retratem Set como sendo mau, pois em seu
simbolismo, o assassinato de Osíris significa a destruição das
restrições da sociedade, a aceitação da auto-mudança e auto-cultivo
sobre as forças que levam a auto-estagnação. Os hicsos, estrangeiros que
invadiram e dominaram o antigo Egito, identificaram-se com Set, e
estabeleceram sua capital em um antigo local setiano, Avaris. O segundo
renascimento setiano pode ter ocorrido durante a XVIII Dinastia, e
atingiu seu ápice nas XIX e XX Dinastias, quando uma família de
sacerdotes setianos tornou-se a linha faraônica. Nesse tempo, Set era
muito popular, podendo ser observado através de nomes de faraós como
Seti (homem de Set) e Setnakt (Set é poderoso).
Dois
textos Setianos importantes foram traduzidos: O Conto dos Dois Irmãos
conta como Set (identificado como o deus Bata) sofre uma série de
metamorfoses (Xeperu) que o transformam de um colono para uma estrela na
constelação de Ursa Maior. Dessa forma Set representa o indivíduo que
através do seu próprio trabalho árduo, habilidades mágicas e uso de
resistência no mundo Torna-se divino. O segundo texto é o livro do
conhecimento da Força Espiral de Rá e do Sentimento de Apep. Com o
início da XXII Dinastia, o Egito entrou em longo declínio. Set tornou-se
muito impopular, com sua adoração sendo cessada em todos os lugares,
exceto no oásis e na cidade de Tebas, onde seu culto foi absorvido no
culto de Montu, o senhor da guerra de Tebas. Enquanto o Egito se virava
para um passado idealizado, Set-heh, o deus do vazio chamado futuro,
veio assemelhar-se com o judaico-cristão Satã.
O
terceiro renascimento veio com a vinda dos gregos ao Egito. O sucesso
da magia greco-egípcia, apesar da perseguição romana, viu uma expansão
de ambos os aspectos filosóficos e mágicos dessa tradição para o norte,
até a Inglaterra. O 3º século da Era Comum foi o ápice do Hermetismo
Setiano. Mas com a imposição do Cristianismo como religião imperial
romana, o individualismo foi novamente desprezado. O cristianismo
egípcio identificou Set com Satã e ele quase desapareceu de vez da
história. Seu quarto renascimento deu-se no século 19, mas atingiu seu
estado mais explícito com a fundação do Templo de Set em 1975,
acompanhado pela palavra da Era de Set Xeper (leia "Kheffer"), um verbo
egípcio que significa "Eu tenho vindo a ser". Esta palavra reflete a
natureza veneradora da consciência da nossa religião e a fonte de
responsabilidade suprema em todas as coisas - o "SI-Mesmo".
Muitos
seguiram os ensinamentos secretos de baixa magia procurando riquezas e
achando que encontrariam poderes inimagináveis. Mas muitos só perderam
suas almas mergulharam nas trevas e se distanciaram da luz.
Carlinhos Lima – Astrólogo, Tarólogo e Pesquisador.
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