Rafael Sanzio
C.1505/06, Auto-retrato, Óleo sobre painel, 47,5 x 33
cm
Rafael é considerado o maior génio que a pintura alguma vez conheceu, pode-se dizer que ele chegava até à altura do Picasso. Tornou-se famoso pelo o realismo, a expressividade e até a imaginação do artista nas suas obras, que se expressavam pelos gestos, as expressões faciais, as poses e movimentos corporais tudo isto dando vida às obras que, por sua vez, davam forma às
relações entre pessoas, a situações históricas e à aparencia do divino.
As suas obras de arte tinham um tratamento da cor e da forma, da luz e
da sombra. Contudo o artista tornou-se principalmente famoso pela sua
definição, a beleza e a normalidade numa só, o que era diferente na
época. Rafael usou o realismo na sua arte, num momento critico do
pensamento Europeu, contra a interrogação colocada sobre a tradição.
O pintor foi considerado o católico, o clássico e o ideolista
e até hoje não se sabe quais eram as suas intenções, sabemos que Rafael
pretendia fazer justiça através das suas obras. Fez quadros, frescos e
desenhos, pintou artigos de fé, figuras biblicas e figuras da mitologia
clássica, deuses, deusas, santos, anjos, portadores da mensagem da
salvação de Cristo como resposta a encomendas. Fez também retratos de
Papas, Cardeais, Damas, as Madonas
e
Tapeçarias, etc. Rafael ao longo da sua vida nunca parou de pintar e a
cada obra que fazia achava mais uma técnica nova, ultrapassando os
artistas pelos quais havia se influenciado, dando a sua marca de Rafael.
Urbino
Rafael Sanzio nasceu a 1483, filho de Giovanni Santi e Magia Ciarla em Urbino. Seu pai era também pintor e fazia serviços para a corte de Urbino. A sua mãe morreu a 1491 e seu pai faleceu a 1494, dando a sua totela a seu tio, no mesmo ano tornou-se disciplo de Perugino em Perúsia.
Perúsia
Em 1500
torna-se mestre e as suas primeiras encomendas foram o estandarte de
Procissão e o Retábulo de Oddi. Influenciou-se nas obras do seu mestre
como a obra O Casamento da virgem,
mas também em outros artistas como Signorelli e Pinturicchio, rivais do
seu mestre. Rafael também fez outras obras como A Madona de Solly; São
Jorge e o Dragão; Sonho do Cavaleiro e As Três Graças.
A Madona de Solly As Três Graça
C.1502
Óleo sobre painel
78,9x58,2 cm
c.1504
Óleo sobre painel
17x17 cm
Florença
Em 1502
Rafael colaborou no ciclo de frescos de Pinturicchio na Catedral de
Siena. Cerca de 1504, Rafael com 20 anos muda-se para Florença com o
objectivo de se intregrar na arte. Rafael procede novamente à forma sintética: copia as figuras de Leonardo e de Miguel Ângelo entre outros artistas. Entre 15105 e 1507 Rafael fez encomendas para Perúsia e Florença.
Retábulo de Baglioni, c.1504, Óleo sobre painel, 267 x 163 cm
Este retábulo foi uma encomenda feita a Rafael pela família Baglioni, como o nome indica, que estava em confronto com a família Oddi pelo controlo da cidade, foi encomendado com o propósito de homenagear um membro dessa família que foi morto em plena rua por um dos seus primos. Esta pintura representa a Lamentação de Cristo, onde podemos observar uma expressão de lamento nos rostos das persongens. Cristo é carregado por duas personagens para a gruta à esquerda transformado assim a Lamentação no Sepultamento de Cristo, no centro podemos observar Maria Madalena e à direita a virgem desmaiada nos braços das suas acompanhantes e no fundo à direita podemos ver o Calvário.
Roma
O Vaticano era o centro da cidade e no segundo semestre de 1508 Rafael muda-se para Roma.
Rafael permaneceu em Roma até à sua morte, alcançou o estatuto de
celebridade e os seus maiores sucessos. Neste mesmo ano iniciou os
trabalhos na Sala da Assinatura sob Júlio II.
A sala
da Assinatura era a antiga biblioteca do Papa que passou a ser uma sala
de audiências papal, decorada com frescos. No tecto destaca-se quatro
figuras que representam a justiça, a poesia, a filosofia e a teologia,
estas imagens estão associadas aos frescos das paredes da sala.
Disputa 1508/09 c.10,75 m de largura Parnaso 1509/10 c.8,70 m de largura
Escola de Atenas 1510/11 com 10,55 m Justiça 1511 c. 8,60 m
Nestes frescos estão representados a Disputa onde nos é apresentada a Trindade ao centro, a Virgem e São João a seu lado e os quatro envagelhos por baixo, em volta podemos ver uma nuvem onde estão profetas, apóstolos e santos e em baixo Rafael representou figuras anónimas e personagens da história da igreja como o Papa Sisto IV, à direita com vestes douradas, e Júlio II do lado esquerdo ao lado do altar. Noutra das paredes podemos ver o Parnaso onde Rafael desenhou um planalto rochoso, representando no cimo dessas rochas Apolo rodeado por musas e por vários escritores agrupados em volta dos rochedos, Rafael utiliza cores delicadas e brilhantes. Outra das obras é a Escola de Atenas que está associada à filosofia que por sua vez é associada aos antigos, por este motivo o artista representou Sócrates, Platão que aponta para cima como para o mundo das ideias, Aristóteles que aponta para baixo para o mundo terreno significando a Ética, Pitágoras e Bramantes. O espaço é decorado com relevos e estátuas de deuses. Embora Rafael não fosse um arquitecto representou nesta pintura espaços arquitectónicos. Neste fresco, Rafael pinta-se como agradecimento a Bramantes por este lhe ter ajudado no que diz respeito à inspiração arquitectónica, o problema que o intoer encontrou foi o de não saber como representar as acções dos filósofos como discursar, ensinar, pensar, etc. E a última pintura é a Justiça, neste caso o pintor dividiu a parede em dois espaços individuais. Na pintura de cima podemos ver a Fortaleza, a Prudência, e a Temperança, três das quatro virtudes cardeais nas quais os homens deviam basear-se. As outras duas cenas pintadas dos lados da janela, representam de um lado a lei civil e do outro a lei eclesiástica, destas duas cenas Rafael pintou apenas a do lado direito.
A 4 de Outubro de 1509, Rafael é nomeado escriba papal. É em 1510 que tem o primeiro contacto com Agostino Chigi. Este era conhecido como o "Magnífico" e pertencia a uma família de mercadores e banqueiros de Siena, era um patrono da literatura, da Ciência e das Artes, embora não se interessava por elas, contratava artistas de forma a documentar o seu estatuto social e também era financeiro de Júlio II.
Em 1511 Rafael pinta a Galateia, na villa do Tibre de Chigi.
Galateia 1511
295 x 225 cm
Ainda em 1511 Rafael inicia a sala de Heliodoro que se segue à sala da Assinatura terminando-a em 1514. Nesta sala existem quatro episódios da bíblia e da história da igreja relacionados com cinco tipos de pintura histórica. A representação destas imagens devem-se ao facto do Papa Júlio II ter regressado derrotado de uma campanha contra a França e as tropas do norte da Itália, e querer a representação de imagens que ilustrassem a vinda de Deus em salvação do povo.
Explusão de Heliodoro, 1511/12, c. 10,80 m de largura Repulsão de Átila, 1513/14, c. 10,70 m
Libertação de São Pedro, 1513/14, c.8,10 m A Missa Bolssena, 1512, c.8,40 m
Entre 1512 e 1513 Rafael fez a Madona De Foligno, a Madona Sistina, O Profeta Isaías e o Papa Júlio II.
Papa Júlio II, 1512, Óleo sobre painel,108 x 87 cm
A 21 de Fevereiro de 1513 o Papa Júlio II morre e a 11 de Março Leão X é eleito Papa. Este novo Papa não permitiu a Rafael descansar, as encomendas no Vaticano aumentaram e então Rafael teve de estabelecer prioridades e começou a deixar a execução dos seus desenhos aos alunos. O seu estudio cresceu, no qual artistas de todos os tipos e origens trabalhavam lado a lado.
E em 1514 pinta a Sala do Incêndio do Borgo, na qual o artista pinta apenas o incêndio, deixando o resto ao cargo dos seus disciplos. Realiza também a obra Santa Cecília. A 1 de Abril é nomeado arquitecto dos projectos arquitectónicos de S.Pedro, constrói as loggias do Vaticano, realiza um bloco de estábulos na villa do Tibre, uma capola funerária em Sta. Maria del Popolo para Agontino Chigi entre outros cidadãos.
Santa Cecilia, 1514/15
Óleo sobre tela transferido de painel
238 x 150 cm
A obra de Santa Cecilia foi encomendada por uma doadora particular com algum estatuto este retábulo ilustra um acontecimento importante na vida de Cecilia,
pois esta foi obrigada a casar e no dia do casamento, ouviu vozes
celestiais enquanto a musica que é tocada lhe parece vir de instrumentos
partidos. São nos apresentados quetro santos, Paulo e João à esquerda e
Agostinho e Maria Madalena à direita de Cecilia que se encontra a olhar para os anjos na parte superior da obra, anjos esses que cantam e só ela vê.
Incendio no Borgo, 1514, Fresco, c. 10,60 m de largura
Os retratos considerados mais requintados de Rafael feitos em 1514 e 1515:
Dama do Véu, Óleo sobre painel, 85 x 64 cm Conde Baldassare Castiglione, Óleo sobre tela, montado em painel, 82x67cm
A Dama do Véu é considerada o mais belo retrato de Rafael feminino(também há um Rafael masculino?). Hoje em dia, dizem que a mulher aqui representada era provavelmente a amada e Rafael e devido aos seus raços fisionomicos, afirmam também que poderá ser a mesma mulher representada em outras obras de Rafael como a Madona Sistina e a Madona Sentada. As cores predominantes neste retrato são o branco, o prateado e o dourado. Apesar da existência de uma grande manga que nos chama a atenção, a sua face é muito promenorizada e cheia de vida.
O retrato de Baldassare Castiglione foi copiado por Rubens e também considerado o retrato mais requintado masculino.
Nos anos seguintes, Rafael foi encarregue da produção de esboços para uma série de dez tapeçarias que ilustravam os Actos de São Pedro e São Paulo, que se destinavam à Capela Sistina, onde iriam ser pendurados por baixo de frescos encomendados por Sisto IV. Nas tapeçarias focam-se eventos da bíblia que legitimavam a igreja Papal e serviam como objectivo a sua propaganda. Rafael demorou 18 meses a produzi-las e em 1519 as primeiras tapeçarias chegaram a Roma, a série completa esta hoje guardada na Pinacoteca do Vaticano.
A Doação das Chaves, 1515/16 Pesca Milagros, 1515/16
A Doação das Chaves é uma têmpera em papel grosso com 345 x 535 cm. A Pesca Milagrosa também uma têmpera e mede 360 x 400 cm.
Nas tapeçarias de Rafael, os apóstolos aparecem ou entre massivos trabalhos de arquitectura ou no meio de paisagens dóceis com promenores secundários. Na realização destas tapeçarias, Rafael preocupa-se com a interacção das personagens. Até agora o impacto de Jesus sobre os discíplos não tinha sido conseguido tão convincentemente. As tapeçarias mediam cerca de 3,5 por 5 metros, e a grande maioria foi pintada por Rafael.
Papa Leão X com dois cardeais, c.1517/18, 155 x 119 cm
A 1 de Dezembro de 1516, Rafael sugere Antonio de Sangallo O Moço como segundo arquitecto de S.Pedro. A 1517 inicia a decoração das loggias do Vaticano e a Loggia di Psiche na villa do Tibre de Chigi e realizou o retrato de Leão X.
A Transfiguração, 1518/1520,Óleo sobre painel, 405 x 278 cm
Nesta pintura são utilizados quatro tipos diferentes de vermelhos, com diferentes tipos de luminosidade, os objectos colocados em cima da mesa e os desenhos nas vestes do Papa são feitos com grande precisão, assim como o veludo das suas vestes que é muito bem representado. O Papa é apresentado com uma pose rígida transmitida pelos braços colocados em cima da mesa, os seus olhos estão longe do observador e a sua cara mostra uma certa dureza e talvez até alguma crueldade. Os cardeais representados no segundo plano foram acrescentados prosteriormente.
A 1518 fez projectos para a Villa Madama e S.Pedro, realizou as Sagradas Familias, retratos e iniciou a obra A Transfiguração que termina em 1520. Rafael morre de febre a 6 de Abril do mesmo ano, e no dia seguinte é sepultado no Panteão.
Esta obra foi a última de Rafael. Nesta obra está representado a transfiguração de Cristo como Deus Pai e conjungou-a com um episodio dos Envagelhos, em que os disciplos tentam em vão salvar um menino possuido pelo demónio, porém só Cristo vindo da montanha consegue esse milagre.
Conclusão
Rafael era um artista nato da pintura, não sabemos quais eram os seus objectivos, porém podemos dizer que todas as suas obras transmitem algo de inovador que só Rafael sabia fazer. Os seus quadros pareciam ganhar vida e as personagens estão representadas com tanta naturalidade era como se Rafael fizera-as sem esforço.
Bibliografia
Livro Rafael de Christof Thoenes por TASCHEN
Fonte: http://historiadaarte.pbworks.com/