Segundo as crenças e práticas dos yorùbá, o Deus da Adivinhação, o olho que tudo vê, é Orunmila, cuja tradução mais aproximada é: “Somente os céus saberá quem irá salvar-se”. Esta frase, de grande sentido, e conteúdo esotérico, não é fatalista, como alguns depreendem como somente algumas pessoas poderão salvar-se, o sentido real descodificado é aquelas que têm conhecimento terão mais chances de viver melhor, portanto a frase não anuncia nenhuma catástrofe. A palavra Ifá para os Yorùbá e Fá para os ewe fon é a expressão popular que explica o sistema oracular como um todo, ou seja, Orunmila é o Deus da adivinhação e Ifá o sistema que compreende toda a parafernália. O sistema oracular Ifá, em sua origem através, dos ikin e opelé dentro da tradição yorùbá, é privativo dos homens, um outro sistema oracular mais simplificado conhecido popularmente como jogo de búzios, tem acesso, homens e mulheres, ainda um outro que trata da adivinhação através do Obi, pouco conhecido no Brasil, também participam homens e mulheres. Porém, o sistema de jogo de búzios comportam homens e mulheres.
O odu é, na verdade, um presságio, uma segura fonte precisa de informações ancestrais, que se perde em tempos imemoriais, e que através do conhecimento dos sábios da tradição yorùbá, codificaram e instrumentalizaram distintos conhecimentos, os mais abrangentes, sempre tendo o humano como foco principal. A expressão odu, encerra vários significados, um deles não dos mais precisos é destino. O sistema em si é por demais complexo, não há dúvida. Não basta apenas estudar, isto é importante, mas a experiencia pessoal, a vivência, sensibilidade, inteligência e pratica constante levarão o sacerdote pouco a pouco ao sucesso nas interpretações. Este processo é o mais cognitivo/emocional do que intelectual. Como presságio o odu, explica, justifica, embasa e sugere soluções para um problema, seja ele de que natureza for. É seu propósito principal o auto conhecimento.O odu é o DNA espiritual de uma pessoa, nasce e morre com ela, portanto intransferível.
Um bom preparo psicológico, e uma consciência das funções e perigos sempre nos alertam, e nos trazem a realidade, evitando, portanto dissabores, somente um estúpido/curioso vencido pela ganância e pela vaidade será arrastado pelo lado da cobiça. Através de um Bàbálawo diante de Orunmila, uma pessoa, homem ou mulher poderá ser iniciado no culto a Orunmila na condição de Omo Ifá, dentro da tradição Yorùbá, ou awofakan dentro da tradição Afrocubana, é através de uma iniciação de três dias que a pessoa se tornará um devoto de Orunmila, se for mulher será Apetebi, fun Orunmila, se for homem será Omo Ifá, em ambas as situações receberá a primeira mão de Ifá. No caso do homem pode sair um signo Ifá, em que haja recomendação para que seja Bàbálawo mas ai é outra história.
Na cultura ocidental e grande maioria das pessoas, não têm controle sobre a vida, os acontecimentos são adeptos diários, ou seja, estão ao sabor da sorte, geralmente de acontecimentos nefastos, vivem a mercê dos acontecimentos sempre entregando “ao lá de cima” tem os sentidos embotados, e têm procedimentos robóticos é a turma do “ a vida é mesmo assim” não tem controle sobre seus atos, são consequências e não origem, não sabem o principio o meio e o fim de tudo. É este comportamento caótico, que tem levado muitas pessoas a frequentes fracassos quando ele não é causa é somente efeito. Para os yorùbá, a palavra sacrifício é o “sacro ofício”, ou seja, a constante troca de distintas energias entre o Orun (mundo invisível) e o Aye (mundo concreto) e esta relação de troca, eu disse troca, oferenda não é barganha, que tonifica os corpos, intermédia relações, aprofunda a intimidade com os Òrìsà, e aplaca sentimentos diversos, através da contemplação, participação compartilhando sempre e interagindo com o Universo.
Para os yorùbá, a destinação previamente conhecida, nos primeiros momentos de vida, estão contidos no seu signo Ifá, com revelações que vão ajuda-lo a viver com inteligência superando desafios, armazenando forças, realizando e entendendo os designos divinos, entendo a vida como um todo, em relação, não algo isolado, preparando-se para as alegrias e vicissitudes que o viver em relação proporciona. Em primeiro lugar, é importante que se entenda o que é sacrifício. Para muitos é sofrer. É comum ouvir-se “ A vida é mesmo assim”. Também em outras culturas, sobretudo asiáticas, nós vamos encontrar a entrega sistemática de comidas e bebidas e não é através delas que estamos juntos e vivos.
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