A Umbanda mostra que não são necessárias palavras bonitas, rebuscadas e intransponíveis à compreensão comum para um espírito ser considerado evoluído. O que conta e, lamentavelmente é esquecido, é o trabalho que o guia exerce; seu carinho, compreensão e humildade no trato com os que necessitam; as palavras simples que saem de sua boca dando o consolo e o apoio ao desesperado; sua força e energia ao curar os doentes; sua sabedoria no trato das magias e na quebra dos trabalhos de magia negra. A Umbanda é até a última pessoa sair do terreiro, é trabalho, é dedicação, é pé no chão, é suor, é paz, é amor, é luta, é anonimato, é ver a luz onde os outros só vêem as trevas, é ensinar, é se importar com o outro, é ser discriminado, é ter paciência, é sacrifício, é sacerdócio dos mais difíceis e o mais bonito que existe.
O ser humano, como todos os seres, é constituído por elementos coletivos, representações deslocadas das Entidades genitores, místicas ou divinas e ancestrais ou antepassadas, e por uma combinação de elementos que constituem sua especificidade, ou seja, sua unidade individual. O corpo é um pedaço de barro modelado, uma forma rudimentar, uma cabaça ou uma vasilha de barro que o representa. Depois da morte, o corpo deve ser posto na terra para que sua matéria prima volte à massa de onde ela foi separada para ser modelada.
O retorno ao Ígbánlá é obrigatório, e o contrário constitui uma grave infração para os membros do Eglé com possíveis sanções e distúrbios para o espírito. O corpo é constituído de duas partes inseparáveis, o Ori ( cabeça ) e o àperé, seu suporte. Para que um corpo adquira existência, deve receber e conter o "emi " princípio da existência genérica, elemento original soprado por Olorum, o dispensador de existência, Eléèmi, o ar e massa, a proto-matéria do universo. A respiração, elemento essencial que diferencia um ára-àiyé de um ará-Òrún.
Cada elemento constituído do ser humano, é derivado de uma Entidade de origem que lhe transmitem suas propriedades materiais e seu significado simbólico. Essas Entidades de origem existência genérica ou "matérias - massas", ancestrais divinos ou familiares, são os símbolos coletivos místicos dos quais partes individualizadas se desprendem para constituir os elementos de um indivíduo. Esses elementos possuem dupla existência: Enquanto uma parte reside no Òrún, a outra parte reside no indivíduo, em regiões particulares do seu corpo, ou em estreito contato com ele.
A cabeça Orí-àpéré, com suporte, são modelados com porções de substâncias-massas progenitoras, mas o interior, o Orí-inú, é único e representa uma combinação de elementos intimamente ligados ao destino pessoal. É esse conteúdo, o orí inú que expressa a existência individualizada. O doublê do ori, residindo no Òrún, é, pois, o doublê da existência individualizada de cada pessoa. Se por um lado o Orí-inú do Aiyé reside no corpo, na cabeça de cada indivíduo, sua contra parte, o orí-`'orún é simbolizado materialmente e venerado. Durante as cerimônias de borí ( = bo+orí = adorar cabeça ) ele é invocado e os sacrifícios são oferecidos ao orí-inú, sobre a cabeça da pessoa, e a Igbá - ori cabaça simbólica que representa sua contra parte no Òrún. Cada Orí é modelado no Òrún e sua matéria mística progenitora varia.
A porção de matéria extraída da "matéria - massa progenitora com a qual é modelada cada cabeça constitui o Ìpòre da pessoa”. Esse contato é muito importante porque estabelece uma série de relações entre o indivíduo e sua matéria de origem mística. Determinará o Orixá que o indivíduo deverá adorar; Ele estabelecerá suas possibilidades de escolha e indicará suas proibições, os èwò, particularmente em matéria de alimentação. "ORÍ CRIA CADA UM DE NÓS, NINGUÉM PODE CRIAR ORÍ. ORIXÁ PODE MUDAR QUALQUER UM NA TERRA, NINGUÉM PODE MUDAR ORIXÁ " Oriki de Ifá.
O Orixá apara uma porção de palmeira para criar alguém. As pessoas dessa espécie, criadas a partes da palmeira, quando nascem (quando vêm para o Àiyé) deverão venerar Ifá. O Orixá pega um fragmento de pedra para criar uma outra espécie de pessoa. Quando esta nasce deverá adorar Ògún a ponto dele ser seu Olúwarè, seu Senhor do mundo. Da porção de lama cria outra espécie de pessoa. Essa não deve ser mentirosa, porque Ògbóni e Ifá wa Òró Malé, são seus progenitores e serão seus protetores no Àiyé e constituirão seu Òke Ipòri = símbolo individual do progenitor místico. O Orixá pega uma porção de água para criar uma outra espécie de pessoa. Oxum, Yemanjá, Erinlé, Ajé, Olókum, constituirão seu Òké Ipóri.
O Orixá serve-se da brisa para criar uma outra espécie de pessoa . Isto quer dizer que Òranfe, Oyá, Xangô, constituem o Òké Ipóri a esta espécie de pessoa. Ajalá é um Orixá antigo que Olodumaré colocou no Óri para modelar todas as cabeças e pô-las no Àiyé. Todos os odús que com Osé-túwá são 16, trabalham com Ajalá em modelar Orí todos os dias. A porção retirada no qual todo Orí é modelado é o Egúm Ipóri ( matéria ancestral).
Cada um deve venerar sua matéria Ancestral para prosperar no Mundo e para que ela venha ser seu guardião. A espécie de material com o qual são modelados os Orís individuais indicará que tipo de trabalho é mais conveniente proporcionando satisfação e permitindo a cada uma alcançar a prosperidade. Indica também as interdições - ewo - àquilo que lhe é proibido comer, por causa do elemento com o qual seu Orí foi criado. Não se pode comer do mesmo corpo do qual sua cabeça foi feita, para que as pessoas não venham a enlouquecer, não se matem ou não viva uma existência miserável.
Com efeito, Orixalá e Ijalá são assistidos pelos 16 odús - se quando modelam os Orís. A tradição quer que cada ser criado no momento de escolher seu Orí, escolha seu odú, o signo que regula seu dever com o qual nasce cada ser no Àiyé. A entrada de cada um na vida depende de se ajoelhar e escolher; isto é, crê-se que antes do nascimento, o homem se ajoelha diante de Deus e escolhe sua sorte na vida. "Nao haverá uma religião única para todos os homens, mas sim tantas religiões quantos forem os homens." (Vivekananda).
Não é incomum deparar-nos com este assunto dentro dos Terreiros, grupos de debates e em centenas de site falando sobre Umbanda. Alguns inclusive já escreveram obras "definitivas" sobre o tema, apresentando "códigos", cartilhas, "bíblias" que vendem como "pão quente", sendo que a maioria destes títulos encontra-se esgotados. Um bom negócio para as editoras e os autores, mesmo em um país que tem um dos menores índices de venda de livros "per capita" do mundo. Mas, além de melhorar a vida financeira de alguns, tantas obras com as mais variadas teorias, fatos "históricos" em relação à Umbanda, deturpações e outras tantas invencionices que alguns juram ter sido reveladas por um "Orixá" ou "Entidade de altíssima elevação", vem tentando fazer o impossível, ou seja, criar um padrão ritualístico, doutrinário, enfim, litúrgico para a Umbanda. Seria mais fácil matar uma legião de Cérberos. A ritualística não é o que se geralmente se julga ser.
Todos os Umbandistas sabem que isto é apenas o símbolo exterior da obra interna. Milhares de homens e mulheres de boas qualidades tomam a letra do Espírito e é nesse modo de agir que começa o seu engano. Nada de novo pode suceder a Umbanda, porém há, nela, uma vasta soma de Verdades que a maioria nada sabe. E é por esta razão que se apegam mais aos aspectos externos da religião do que aos aspectos internos, espirituais.
Os quais nos levam realmente aos objetivos que a Espiritualidade Superior realmente quer que alcancemos. Os Rituais da Umbanda, independente da linha doutrinária que sigam, são baseados em uma Lei natural: "A Iniciação e a Regeneração são termos sinônimos". A simples inculcação de princípios morais ou as lições de moral, e sua ilustração simbólica e representação, não são coisas vãs. Elas despertam a consciência e o sentimento moral de todo homem, e nenhum ser humano perdeu suas boas qualidades por seguir este ou aquele Ritual, desde que seu objetivo esteja em sintonia com a Espiritualidade Superior.
A cerimônia exterior é morta e de utilidade apenas como símbolo e ilustração, esclarecendo assim a mudança interna. Transformar significa "regenerar", e isso se dá por provas, por esforço, pela desilusão, pelo insucesso, e uma renovação diária da luta. É assim que o Umbandista deve, a meu ver, buscar uma "codificação", um caminho comum a todos. A consumação do Ritual e da doutrina é o encontro com o Sagrado e não uma questão de didática. Mas é muito importante que se ensine aos menos esclarecidos a doutrina como ela realmente se apresenta em sua parte ritualística.
Não sabemos uma coisa porque a dizem a nós. Que os Orixás gritem continuamente a Verdade de todos os tempos nos ouvidos do tolo, ele continuará sempre preso à tolice. Aqui está a concepção e a base essencial de toda a ritualística. É o conhecimento, desenvolvido gradualmente, de um modo ordenado e sistemático, passo a passo, à proporção que a capacidade de aprender se abre ao Adepto. O resultado não é uma posse, mas sim um crescimento, uma evolução.
O ser humano, como todos os seres, é constituído por elementos coletivos, representações deslocadas das Entidades genitores, místicas ou divinas e ancestrais ou antepassadas, e por uma combinação de elementos que constituem sua especificidade, ou seja, sua unidade individual. O corpo é um pedaço de barro modelado, uma forma rudimentar, uma cabaça ou uma vasilha de barro que o representa. Depois da morte, o corpo deve ser posto na terra para que sua matéria prima volte à massa de onde ela foi separada para ser modelada.
O retorno ao Ígbánlá é obrigatório, e o contrário constitui uma grave infração para os membros do Eglé com possíveis sanções e distúrbios para o espírito. O corpo é constituído de duas partes inseparáveis, o Ori ( cabeça ) e o àperé, seu suporte. Para que um corpo adquira existência, deve receber e conter o "emi " princípio da existência genérica, elemento original soprado por Olorum, o dispensador de existência, Eléèmi, o ar e massa, a proto-matéria do universo. A respiração, elemento essencial que diferencia um ára-àiyé de um ará-Òrún.
Cada elemento constituído do ser humano, é derivado de uma Entidade de origem que lhe transmitem suas propriedades materiais e seu significado simbólico. Essas Entidades de origem existência genérica ou "matérias - massas", ancestrais divinos ou familiares, são os símbolos coletivos místicos dos quais partes individualizadas se desprendem para constituir os elementos de um indivíduo. Esses elementos possuem dupla existência: Enquanto uma parte reside no Òrún, a outra parte reside no indivíduo, em regiões particulares do seu corpo, ou em estreito contato com ele.
A cabeça Orí-àpéré, com suporte, são modelados com porções de substâncias-massas progenitoras, mas o interior, o Orí-inú, é único e representa uma combinação de elementos intimamente ligados ao destino pessoal. É esse conteúdo, o orí inú que expressa a existência individualizada. O doublê do ori, residindo no Òrún, é, pois, o doublê da existência individualizada de cada pessoa. Se por um lado o Orí-inú do Aiyé reside no corpo, na cabeça de cada indivíduo, sua contra parte, o orí-`'orún é simbolizado materialmente e venerado. Durante as cerimônias de borí ( = bo+orí = adorar cabeça ) ele é invocado e os sacrifícios são oferecidos ao orí-inú, sobre a cabeça da pessoa, e a Igbá - ori cabaça simbólica que representa sua contra parte no Òrún. Cada Orí é modelado no Òrún e sua matéria mística progenitora varia.
A porção de matéria extraída da "matéria - massa progenitora com a qual é modelada cada cabeça constitui o Ìpòre da pessoa”. Esse contato é muito importante porque estabelece uma série de relações entre o indivíduo e sua matéria de origem mística. Determinará o Orixá que o indivíduo deverá adorar; Ele estabelecerá suas possibilidades de escolha e indicará suas proibições, os èwò, particularmente em matéria de alimentação. "ORÍ CRIA CADA UM DE NÓS, NINGUÉM PODE CRIAR ORÍ. ORIXÁ PODE MUDAR QUALQUER UM NA TERRA, NINGUÉM PODE MUDAR ORIXÁ " Oriki de Ifá.
O Orixá apara uma porção de palmeira para criar alguém. As pessoas dessa espécie, criadas a partes da palmeira, quando nascem (quando vêm para o Àiyé) deverão venerar Ifá. O Orixá pega um fragmento de pedra para criar uma outra espécie de pessoa. Quando esta nasce deverá adorar Ògún a ponto dele ser seu Olúwarè, seu Senhor do mundo. Da porção de lama cria outra espécie de pessoa. Essa não deve ser mentirosa, porque Ògbóni e Ifá wa Òró Malé, são seus progenitores e serão seus protetores no Àiyé e constituirão seu Òke Ipòri = símbolo individual do progenitor místico. O Orixá pega uma porção de água para criar uma outra espécie de pessoa. Oxum, Yemanjá, Erinlé, Ajé, Olókum, constituirão seu Òké Ipóri.
O Orixá serve-se da brisa para criar uma outra espécie de pessoa . Isto quer dizer que Òranfe, Oyá, Xangô, constituem o Òké Ipóri a esta espécie de pessoa. Ajalá é um Orixá antigo que Olodumaré colocou no Óri para modelar todas as cabeças e pô-las no Àiyé. Todos os odús que com Osé-túwá são 16, trabalham com Ajalá em modelar Orí todos os dias. A porção retirada no qual todo Orí é modelado é o Egúm Ipóri ( matéria ancestral).
Cada um deve venerar sua matéria Ancestral para prosperar no Mundo e para que ela venha ser seu guardião. A espécie de material com o qual são modelados os Orís individuais indicará que tipo de trabalho é mais conveniente proporcionando satisfação e permitindo a cada uma alcançar a prosperidade. Indica também as interdições - ewo - àquilo que lhe é proibido comer, por causa do elemento com o qual seu Orí foi criado. Não se pode comer do mesmo corpo do qual sua cabeça foi feita, para que as pessoas não venham a enlouquecer, não se matem ou não viva uma existência miserável.
Com efeito, Orixalá e Ijalá são assistidos pelos 16 odús - se quando modelam os Orís. A tradição quer que cada ser criado no momento de escolher seu Orí, escolha seu odú, o signo que regula seu dever com o qual nasce cada ser no Àiyé. A entrada de cada um na vida depende de se ajoelhar e escolher; isto é, crê-se que antes do nascimento, o homem se ajoelha diante de Deus e escolhe sua sorte na vida. "Nao haverá uma religião única para todos os homens, mas sim tantas religiões quantos forem os homens." (Vivekananda).
Não é incomum deparar-nos com este assunto dentro dos Terreiros, grupos de debates e em centenas de site falando sobre Umbanda. Alguns inclusive já escreveram obras "definitivas" sobre o tema, apresentando "códigos", cartilhas, "bíblias" que vendem como "pão quente", sendo que a maioria destes títulos encontra-se esgotados. Um bom negócio para as editoras e os autores, mesmo em um país que tem um dos menores índices de venda de livros "per capita" do mundo. Mas, além de melhorar a vida financeira de alguns, tantas obras com as mais variadas teorias, fatos "históricos" em relação à Umbanda, deturpações e outras tantas invencionices que alguns juram ter sido reveladas por um "Orixá" ou "Entidade de altíssima elevação", vem tentando fazer o impossível, ou seja, criar um padrão ritualístico, doutrinário, enfim, litúrgico para a Umbanda. Seria mais fácil matar uma legião de Cérberos. A ritualística não é o que se geralmente se julga ser.
Todos os Umbandistas sabem que isto é apenas o símbolo exterior da obra interna. Milhares de homens e mulheres de boas qualidades tomam a letra do Espírito e é nesse modo de agir que começa o seu engano. Nada de novo pode suceder a Umbanda, porém há, nela, uma vasta soma de Verdades que a maioria nada sabe. E é por esta razão que se apegam mais aos aspectos externos da religião do que aos aspectos internos, espirituais.
Os quais nos levam realmente aos objetivos que a Espiritualidade Superior realmente quer que alcancemos. Os Rituais da Umbanda, independente da linha doutrinária que sigam, são baseados em uma Lei natural: "A Iniciação e a Regeneração são termos sinônimos". A simples inculcação de princípios morais ou as lições de moral, e sua ilustração simbólica e representação, não são coisas vãs. Elas despertam a consciência e o sentimento moral de todo homem, e nenhum ser humano perdeu suas boas qualidades por seguir este ou aquele Ritual, desde que seu objetivo esteja em sintonia com a Espiritualidade Superior.
A cerimônia exterior é morta e de utilidade apenas como símbolo e ilustração, esclarecendo assim a mudança interna. Transformar significa "regenerar", e isso se dá por provas, por esforço, pela desilusão, pelo insucesso, e uma renovação diária da luta. É assim que o Umbandista deve, a meu ver, buscar uma "codificação", um caminho comum a todos. A consumação do Ritual e da doutrina é o encontro com o Sagrado e não uma questão de didática. Mas é muito importante que se ensine aos menos esclarecidos a doutrina como ela realmente se apresenta em sua parte ritualística.
Não sabemos uma coisa porque a dizem a nós. Que os Orixás gritem continuamente a Verdade de todos os tempos nos ouvidos do tolo, ele continuará sempre preso à tolice. Aqui está a concepção e a base essencial de toda a ritualística. É o conhecimento, desenvolvido gradualmente, de um modo ordenado e sistemático, passo a passo, à proporção que a capacidade de aprender se abre ao Adepto. O resultado não é uma posse, mas sim um crescimento, uma evolução.
Carlinhos Lima - Astrologo, Tarologo e Pesquisador