NÃO DEVEMOS DESCARTAR OS ENSINAMENTOS ANTIGOS
Não se trata de apologia ao antigo e sim da construção coerente do pensar Astrológico em torno dos estruturadores de suas bases. Que venho aqui afirmar que não podemos descartar os ensinamentos dos astrólogos antigos sem os quais a astrologia não seria o que é hoje.
É verdade que os astrólogos modernos deram uma roupagem moderna, tornando-a mais aceitável fazendo com que ela ficasse mais popular e respeitável. No entanto temos que ter em mente que a Tradição não pode nunca ser descartada e sim muito bem alinhada aos avanços da modernidade. Se casas, aspectos, progressões, lunações e direções primárias são técnicas que funcionam, quem as construiu formam todos os astrólogos ao longo da historia.
Por isso temos que estudar todos os estudos de todos os astrólogos que possamos encontrar, mesmo que eles pareçam ultrapassados. Afinal, como podemos entender o pensar astrológico sem este domínio? Eu considero a Astrologia uma Ciência com mais de dez mil anos, mesmo que o historiador Alexander Gurshtein, tenha datado o primeiro Zodíaco sistematizado, já em doze signos há seis mil anos antes de Cristo, de origem Suméria. Pois nem tudo que existe precisa de provas para que nós venhamos a acreditar. Muitos chegam a afirmar que a Astrologia possui em torno de duzentos e cinqüenta pais históricos (segundo registros), contando apenas dos helênicos para cá. Mas tenho por certo que muitos outros registros ficaram perdidos no tempo.
Análogo aos estudos de filosofia, onde o pensador não pode deixar de tomar contato com as obras de Aristóteles e Platão, que está apenas há dois mil e quatrocentos anos da presente data, e que sabemos que está longe de conter todos os ensinamentos; o Astrólogo que estuda apenas autores contemporâneos equivale a um filósofo que só estudou conceitos padronizados de Carl Popper que na verdade era um grande pensador.
O "Tetrabiblos" de Cláudio Ptolomeo, muito útil para se entender o sentido e os fundamentos da Astrologia como ciência natural são alguns desses textos básicos que formam sempre usados pelos astrólogos contemporâneos, inclusive estudos das direções primárias (aproximadamente 150 d.c.) e a Astrologia Mundial, entre outros tópicos já encontramos neles.
Outros astrólogos que influenciaram séculos de pensamento podem ser igualmente importantes quando se quer entender o significado da Astrologia. Alguns títulos como o do poeta Marcus Manílius como o "Astronomicon" são referências importantes para se entender às futuras confusões que as pessoas faziam e fazem até hoje entre as constelações e Signos eclípticos, por exemplo ( infelizmente, alguns astrônomos também ).
Em torno de duzentos papiros são comentados, além de um extenso estudo de datação. Podem-se perceber aspectos interpretativos que estão totalmente esquecidos nos dias de hoje. Não havia uma distinção entre mapa natal e planilha de previsões. O Caibalion é um outro texto chave que contém uma das mais importantes e ricas formas de se entender a cosmologia do Egito levada para Grécia. As sete leis cosmológicas de Hermes-Thoth são discutidas nele: o ritmo, a vibração, a polaridade, a causa e o efeito, o mentalismo, o princípio do gênero (sem o qual não se entende a questão dos gêmeos em Astrologia ) e o princípio da correspondência, de onde saiu a expressão: "O que está em baixo é análogo ao que está em cima". Atribuído a hermetistas gregos, traduzido do grego pelo astrólogo e filósofo Marcílio Ficino (Século XV), o "Corpus Herméticum", é outro grande estudo que não se pode deixar de ser estudado com atenção. O efeito astrológico é discutido na ação dos "Daimons ", em um de seus capítulos, essas forças misteriosas que lembram muito as idéias do "universo interligado" da Física moderna que conhecemos hoje.
Al Biruni, em seu " O livro de Instruções dos elementos da Arte da Astrologia", do Século XI, também são textos muito interessante. São Thomas também apresentou os textos de "Suma contra os gentios" e "Suma Teológica", onde o filósofo, discípulo de Alberto Magno (um grande estudioso do Aristotelismo e da Tradição Hermética) discorreu sobre a ação dos corpos celestes sobre o todos os seres humanos. Seus limites de efeito, a liberdade, e a defesa da Astrologia como ciência lícita entre os cristãos é apresentada com uma elegância singular que pouco vemos nos dias de hoje.
Francis Bacon em "Teoria do Céu", e a maravilhosa obra de Kepler: Harmonica Mundi , onde o Astrônomo e Astrólogo, invoca a profunda relação entre as proporções do universo e as leis de ondulatória, relacionando a Astrologia com a Música de uma forma curiosa e inventiva são também autores fantásticos que contribuíram muito para o aprimoramento da astrologia como conhecemos hoje. Também os grandes Placidus e Titius em sua obra "Primum Móbile" e o "Anima Astrologiae" de Guido Bonatus podem compor uma sinfonia que ecoa do passado; como um reflexo vivo de mentes que se dedicavam ao estudo da Astrologia há mais de quatro ou cinco séculos atrás mostrando um grande afeto, respeito e empenho nos estudos dessa fantástica ciência.
Dentre estes, podemos destacar também o "Chirstian Astrology", de William Lilly, ( Século XVII ) em um maravilhoso tratado que apresenta desde as bases elementares da Astrologia, até o estudo das direções primárias, sendo esse um importante conceito astrológico muito usado hoje pelos astrólogos de hoje. A obra de William Lily esse astrólogo fantástico, repleta de uma astrologia árabe antiga, apresenta-se em um inglês para lá de clássico, e em tipografia original.
A obra mestra de Morin de Villefranche: a Astrologia Gallica (Astrologia da Gália antiga França). O pai da Astrologia Moderna discute todo o edifício da Astrologia desde os antigos, até seus contemporâneos. Morin expõe sua "Astrosintesis" técnica hoje conhecida como "Dinâmica de Interpretação" de mapas natais. Também traduzido para o Inglês, trata da questão das previsões. São muitas as raridades e seu campo quase tão vasto quanto o das estrelas. Todos os dias, novas publicações do alemão traduzidas para o Inglês e Francês de estudos maravilhosos que nos revelam muito da Astrologia da Mesopotâmia e Babilônica, pré-Gregas, com muitos estudos que nos fascina ainda mais.
Na verdade todo astrólogo que estuda seriamente acaba se tornando um arqueologista ou um restaurador de conhecimento da Astrologia. Além disso, ler em os textos em línguas antigas e outros idiomas são antes de fundamental, necessário, mas não são muitos que tem esse potencial hoje em dia. Cabe ao leitor, se desejoso de se aprofundar no tema, comprar bons livros de História da Astrologia, e então com muita paciência, ir colecionando por toda uma vida os livros antigos e modernos para entrar em contato com um saber tão antigo quanto à própria civilização. O qual eu considero uma revelação divina.
Eu não me importo com aqueles que tentam desqualificar essa ciência fantástica, pois eles estão enganados quando vê a astrologia apenas como uma possibilidade de adivinhação. Porque estão totalmente enganados. A astrologia não se presta ao interesse de quem quer que seja na tentativa de adivinhar. Ela é sim um estudo que poderá auxiliar o homem a aprimorar-se para que ele compreendendo-se possa se tornar numa pessoa melhor.
Carlinhos Lima – Asatrologo, Tarólogo e Pesquisador.
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