Sexo e prazer! Uma noite de swing. Conheça a casa noturna de Águas Claras dedicada ao encontro de casais |
Numa rua deserta, tendo como vizinhos apenas galpões mal-conservados ou abandonados, a casa atrai homens e mulheres dispostos a viver, sem reservas, suas fantasias sexuais
Não olhe agora, mas ali no canto do salão tem uma moça ajoelhada na frente de um rapaz. Quer dizer, pode olhar agora, repare bem, que mal tem? A moça de joelhos, aproveitando a penumbra e o gelo seco, mexendo a cabeça no ritmo do funk. O rapaz parece estar gostando. Mas ele não olha pra baixo, ele olha pra frente, ele olha pra ti.
Um breve escape do mundo lá fora. Existe um lugar onde as pessoas não ficam vigiando seus celulares. Onde as mulheres atravessam a pista de dança sem terem os cabelos puxados em exercícios de flerte. E onde você pode espiar longamente os casais pelos cantos. Pode até tocá-los, beijá-los, quem sabe? Pode até… Enfim.
Bem-vindo à Zeus Night Club. Eis a autoproclamada “melhor casa de swing” de Brasília. Fica em Águas Claras, no conjunto 14 da chamada Área de Desenvolvimento Empresarial. Na vizinhança, fora os bares sertanejos da rua de cima, apenas galpões em diferentes estados de má-conservação ou abandono.
Assim deserta, numa noite de quinta-feira, até a rua parece conspirar a favor do clima de clandestinidade e anonimato que conduz à casa — apesar de sua nada discreta fachada, Zeus, a rebimbar em letras garrafais. Na entrada, os visitantes são convidados a apresentar carteira de identidade. E no guarda-volumes deixar bolsas, carteiras, celulares e outros acessórios que dali para dentro perdem primazia.
Branco, verde, amarelo… O recém-chegado passa a ser identificado por pulseirinhas coloridas. Branco é para o casal que ali está pela primeira vez. Verde para o “casal swing”, que já sabe do que se trata. Amarelo, para o público voyeur, que afinal também tem seu valor. E o vermelho, cor da paixão, cabe ao “casal real”, uma casta que alcança essa condição ao se cadastrar na rede social mais batuta da internet brasileira no que toca à troca de casais: o CRS.
Nem todos os gatos são pardos na noite da Zeus Night Club. A fitinha azul cabe no pulso dos “homens solteiros”, aqueles que lá chegam sem acompanhantes, e por essa razão podem entrar na casa apenas terça e quarta-feira, justamente as datas menos nobres para a comunidade do swing e do ménage à trois. De quinta a sábado, homens solitários da porta não passam. Entram apenas os casais (a preços que giram em torno de R$ 130) e as “mulheres solteiras” (R$ 30). Importante: o casal que quiser levar uma amiga, ou duas, pode levar, que elas nem pagam ingresso. Cortesia da casa. Elas ganham pulseiras rosas.
E assim, devidamente identificados, registrados e empulseirados, os casais — e suas amigas — podem liberar as fantasias e brincar a valer, sempre dentro do respeito aos limites de cada um. Como norma de conduta, é universal a regra do “não”. Se alguém diz “não”, assunto encerrado, simples assim. Na insistência, basta acenar para um dos seguranças da casa, identificáveis mesmo à distância pelos ternos escuros e pelo olhar pouco licencioso.
Papel toalha e álcool gel A parte mais social da casa vai da recepção à pista de dança. Sobre o palco, todas as noites, há um show de strip-tease e/ou sexo ao vivo com artistas convidados. Na trilha sonora, providenciada pelo residente DJ Thunder, cabe de Anitta a Wesley Safadão, passando por hits vários de funk carioca e arrocha, além de versões dance para Cazuza e U2.
Um segundo ambiente, ali ao lado, tem música ao vivo, no clima barzinho, com cantores sertanejos e televisores para as transmissões de UFC. Uísque + energético funcionam como o propulsor preferido do público entre 25/35 anos, mas a cozinha da Zeus providencia até porções de frango à passarinho. E a parte mais sexual da casa se estende, à meia-luz, pelas cabines da Hot Space. Divisórias de ferro garantem diferentes graus de privacidade para cada uma delas. Algumas portas fecham por dentro, outras têm apenas cortinas pouco discretas. Janelinhas permitem que os ocupantes de uma cabine espiem a outra — e estiquem a mão para o outro lado.
Colchões de espuma forram as camas e os bancos, para o conforto dos amantes. Papel toalha e álcool gel, além de cestos de lixo, para a higiene pessoal. Baixar as calças e levantar as saias são os gestos mais usuais. Poucos tiram as roupas. Talvez pela falta de cabides, será? Há um par de anos, as mesas de sinuca que compunham o ambiente privê foram aposentadas. Eram usadas para fins não tão desportivos assim. Abriram lugar para a sensação do momento na Zeus: o Labirinto. Onde um estreito corredor, desenhado também por divisórias de ferro, conduz os clientes até um grande banco em formato de L. Um móvel espaçoso o suficiente para cinco ou seis casais manterem relações simultaneamente diante de cinco ou seis voyeurs. Ou mais até, licencinha, se nos apertarmos um pouquinho.
Pole dance e além Garantindo um grau mínimo de libido mesmo nas noites mais chuvosas de janeiro, a Zeus conta com showzinhos que começam lá por volta da 1h30. Na última quinta-feira (21/1), a atração era o Casal Sensação, diretamente de São Paulo. Um casal vida real. Cheio de malícia e com mil truques para entreter a audiência de 40, 50 pessoas. Ele entra primeiro no palco. Vestido de caubói, tipo Village People, com boleadeira às mãos. Mas logo ele se desfaz dela, porque ali não há rês alguma para laçar. Então tira a roupa ao som de Madonna e, bem na hora de dispensar a sunga, eis que entra em cena sua parceira. Ela já surge com uma mínima lingerie, demonstrando uma habilidade de panicat para a arte de pole dance. Após três ou quatro rotinas dignas de ginasta olímpica, ela ajuda o marido a baixar de vez a sunga.
Quando a peça enfim vai ao chão, a plateia recebe a ereção com urros de júbilo e tesão. Dispensando os rigores de uma camisinha, os dois ficam bastante à vontade para arriscar posições pouco ortodoxas. Lá pelas tantas, uma loira da plateia, bem na beira do palquinho, evidencia estar especialmente tocada pelo espetáculo. Prontamente ela é conduzida pelo caubói para dentro da cena, como fariam Bono Vox e Bruce Springsteen em estádios de futebol. Deitada sobre a cama, a afortunada espectadora ganha um ponto de vista mui privilegiado do Casal Sensação em plena função. Um pouco antes do clímax, aquele previsível porém não menos decisivo desfecho, o casal suspende a ação, segura sua onda e — subitamente — se despede dos novos fãs… Pou. O Casal Sensação, conforme anunciado, estará de volta ao palco da Zeus Night Club nesta sexta (22/1). Mas agora eles vão embora ligeiro como quem deixa uma ideia no ar. Cinco casais aproveitam a sugestão e tomam o caminho do Labirinto antes mesmo de a música da Beyoncé terminar.
Fonte:metropoles.com/vida-e-estilo/ - Colaborou Letícia Carvalho
Branco, verde, amarelo… O recém-chegado passa a ser identificado por pulseirinhas coloridas. Branco é para o casal que ali está pela primeira vez. Verde para o “casal swing”, que já sabe do que se trata. Amarelo, para o público voyeur, que afinal também tem seu valor. E o vermelho, cor da paixão, cabe ao “casal real”, uma casta que alcança essa condição ao se cadastrar na rede social mais batuta da internet brasileira no que toca à troca de casais: o CRS.
Tudo é permitido. Mas se alguém diz “não”, assunto encerrado |
Nem todos os gatos são pardos na noite da Zeus Night Club. A fitinha azul cabe no pulso dos “homens solteiros”, aqueles que lá chegam sem acompanhantes, e por essa razão podem entrar na casa apenas terça e quarta-feira, justamente as datas menos nobres para a comunidade do swing e do ménage à trois. De quinta a sábado, homens solitários da porta não passam. Entram apenas os casais (a preços que giram em torno de R$ 130) e as “mulheres solteiras” (R$ 30). Importante: o casal que quiser levar uma amiga, ou duas, pode levar, que elas nem pagam ingresso. Cortesia da casa. Elas ganham pulseiras rosas.
E assim, devidamente identificados, registrados e empulseirados, os casais — e suas amigas — podem liberar as fantasias e brincar a valer, sempre dentro do respeito aos limites de cada um. Como norma de conduta, é universal a regra do “não”. Se alguém diz “não”, assunto encerrado, simples assim. Na insistência, basta acenar para um dos seguranças da casa, identificáveis mesmo à distância pelos ternos escuros e pelo olhar pouco licencioso.
Papel toalha e álcool gel A parte mais social da casa vai da recepção à pista de dança. Sobre o palco, todas as noites, há um show de strip-tease e/ou sexo ao vivo com artistas convidados. Na trilha sonora, providenciada pelo residente DJ Thunder, cabe de Anitta a Wesley Safadão, passando por hits vários de funk carioca e arrocha, além de versões dance para Cazuza e U2.
Um segundo ambiente, ali ao lado, tem música ao vivo, no clima barzinho, com cantores sertanejos e televisores para as transmissões de UFC. Uísque + energético funcionam como o propulsor preferido do público entre 25/35 anos, mas a cozinha da Zeus providencia até porções de frango à passarinho. E a parte mais sexual da casa se estende, à meia-luz, pelas cabines da Hot Space. Divisórias de ferro garantem diferentes graus de privacidade para cada uma delas. Algumas portas fecham por dentro, outras têm apenas cortinas pouco discretas. Janelinhas permitem que os ocupantes de uma cabine espiem a outra — e estiquem a mão para o outro lado.
Casais podem levar uma amiga, ou duas. Elas não pagam ingresso |
Colchões de espuma forram as camas e os bancos, para o conforto dos amantes. Papel toalha e álcool gel, além de cestos de lixo, para a higiene pessoal. Baixar as calças e levantar as saias são os gestos mais usuais. Poucos tiram as roupas. Talvez pela falta de cabides, será? Há um par de anos, as mesas de sinuca que compunham o ambiente privê foram aposentadas. Eram usadas para fins não tão desportivos assim. Abriram lugar para a sensação do momento na Zeus: o Labirinto. Onde um estreito corredor, desenhado também por divisórias de ferro, conduz os clientes até um grande banco em formato de L. Um móvel espaçoso o suficiente para cinco ou seis casais manterem relações simultaneamente diante de cinco ou seis voyeurs. Ou mais até, licencinha, se nos apertarmos um pouquinho.
Pole dance e além Garantindo um grau mínimo de libido mesmo nas noites mais chuvosas de janeiro, a Zeus conta com showzinhos que começam lá por volta da 1h30. Na última quinta-feira (21/1), a atração era o Casal Sensação, diretamente de São Paulo. Um casal vida real. Cheio de malícia e com mil truques para entreter a audiência de 40, 50 pessoas. Ele entra primeiro no palco. Vestido de caubói, tipo Village People, com boleadeira às mãos. Mas logo ele se desfaz dela, porque ali não há rês alguma para laçar. Então tira a roupa ao som de Madonna e, bem na hora de dispensar a sunga, eis que entra em cena sua parceira. Ela já surge com uma mínima lingerie, demonstrando uma habilidade de panicat para a arte de pole dance. Após três ou quatro rotinas dignas de ginasta olímpica, ela ajuda o marido a baixar de vez a sunga.
Quando a peça enfim vai ao chão, a plateia recebe a ereção com urros de júbilo e tesão. Dispensando os rigores de uma camisinha, os dois ficam bastante à vontade para arriscar posições pouco ortodoxas. Lá pelas tantas, uma loira da plateia, bem na beira do palquinho, evidencia estar especialmente tocada pelo espetáculo. Prontamente ela é conduzida pelo caubói para dentro da cena, como fariam Bono Vox e Bruce Springsteen em estádios de futebol. Deitada sobre a cama, a afortunada espectadora ganha um ponto de vista mui privilegiado do Casal Sensação em plena função. Um pouco antes do clímax, aquele previsível porém não menos decisivo desfecho, o casal suspende a ação, segura sua onda e — subitamente — se despede dos novos fãs… Pou. O Casal Sensação, conforme anunciado, estará de volta ao palco da Zeus Night Club nesta sexta (22/1). Mas agora eles vão embora ligeiro como quem deixa uma ideia no ar. Cinco casais aproveitam a sugestão e tomam o caminho do Labirinto antes mesmo de a música da Beyoncé terminar.
Fonte:metropoles.com/vida-e-estilo/ - Colaborou Letícia Carvalho
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