Os animais são independentes e parecem não sentir falta dos humanos. Mas isso não significa que não amem seus donos
Os gatos não precisam dos humanos e não parecem sentir nenhuma falta
deles. De acordo com uma pesquisa feita por cientistas ingleses, esses
animais são tão independentes que não necessitam de ninguém para se
sentirem seguros - mas isso não significa que não amem os donos. A
análise, publicada esta semana no periódico Plos One, revela
que os gatos mostram pouco ou nenhum sinal de ansiedade ao verem os
humanos partir, ao contrário do que acontece com os cachorros ou os
bebês.
Para isso, os pesquisadores observaram a reações de 20 gatos
domésticos ao serem colocados em um ambiente desconhecido inicialmente
com seus donos, em seguida com estranhos ou sozinhos. Eles monitoraram a
necessidade de contato e os níveis de stress causados pela ausência de
humanos. Isso foi feito por meio de um teste desenvolvido para medir os
vínculos entre bebês e seus cuidadores e que também é usado para
verificar a relação entre animais de estimação e seus donos. Ele analisa
o grau dos "laços de segurança", ou seja, o quanto o elo mais frágil da
relação precisa do mais forte para se sentir protegido e seguro. Para
crianças e cachorros esse grau é bastante elevado mas, em relação aos
gatos, ele é praticamente inexistente.
"Apesar de os gatos miarem mais quando são deixados pelo dono com
estranhos, não há nenhuma outra evidência consistente com a
interpretação de um 'laço de segurança'", escrevem os autores. "Nossos
resultados são consistentes com a visão de que gatos são tipicamente
autônomos em suas relações sociais."
Os pesquisadores explicam que, apesar serem independentes e não
precisar de seus donos, isso não quer dizer que não desenvolvam vínculos
ou afeição por eles. Eles simplesmente não dependem dos humanos como um
cão - ou um bebê.
Animal selvagem - A conclusão do estudo não é
totalmente inesperada, pois os gatos, ao contrário de outros animais
domesticados pelo homem, ainda mantém sua essência selvagem. A evolução
os fez um dos melhores caçadores do reino animal e, por isso, têm um
comportamento independente e autônomo, característica fundamental dos
bons predadores.
De acordo com o biólogo americano John Bradshaw, uma das maiores
autoridades em comportamento animal, a palavra certa para descrever a
emoção que os gatos experimentam em relação a seus donos é "amor". No
entanto, os bichanos estão longe de serem mansos e obedientes,
exatamente por seu comportamento independente. Em entrevista ao site de
VEJA, Bradshaw afirmou que "gatos e cachorros apelam a diferentes partes
da natureza humana. Os gatos oferecem um vislumbre da vida selvagem,
enquanto os cachorros oferecem lealdade e submissão."
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Pedir carinho
A maioria dos gatos gosta de receber carinho na cabeça porque essa é a
região em que frequentemente recebe as lambidas de amigos de sua espécie
– esse é um ritual de amizade e confiança entre eles. Nos humanos, o
ritual é substituído pelo cafuné. Pedir um chamego é uma maneira de
estreitar a relação com o dono.
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Ronronar
O ronronar do gato é um mistério no estudo dos felinos. O som é
produzido por músculos que fazem vibrar as cordas vocais de uma maneira
especial, por diversas razões. Quando pequenos, os gatos ronronam no
momento em que mamam, e a mãe acompanha o ronronar, produzindo o mesmo
som. Em adultos, é um sinal emitido para os humanos quando querem chamar
a atenção. Tudo indica que o ronronar significa um pedido: para trazer
comida, continuar passando a mão em sua cabeça ou afastar algo que o
amedronta.
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Brincar
As brincadeiras servem para os gatos aprenderem a caçar e também para
se socializar com outros gatos. No caso dos animais domésticos, que
caçam muito menos do que os selvagens, as brincadeiras entre eles se
tornaram um modo de demonstrar amizade. Para parar de brincar, eles dão
um sinal: curvam as costas, empinam o rabo e saem de cena.
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Não gostar quando pegam em suas patas
O tato dos gatos, sentido que os ajuda em suas caçadas, é muito
sensível. Por esse motivo, os animais detestam quando alguém toca em
suas patas. As almofadinhas das patas possuem receptores que indicam o
que está entre elas e as garras são equipadas com nervos que revelam o
quanto foram esticadas e qual a resistência que suportam.
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Miar
Gatos livres raramente miam uns para os outros – exceto quando estão
brigando ou acasalando, atividades barulhentas. Os miados geralmente são
direcionados às pessoas, para chamar sua atenção e conseguirem o que
querem. Por isso, os gatos modulam seus miados de acordo com o "pedido"
ou miam geralmente nos mesmos lugares da casa: em frente à porta quer
dizer "me deixe sair"; no meio da cozinha, "me alimente".
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Ser dissimulado
Descendentes de uma espécie solitária e caçadora, o comportamento dos
gatos é talhado para competir, não para colaborar. Com exceção de
algumas semanas depois do nascimento, eles são autossuficientes e,
assim, não têm necessidade de demonstrar emoções para se comunicar. Como
bons caçadores, preferem dissimular suas emoções e manipular as
atitudes do adversário. É por isso que, quando estão com medo, eles ou
se encolhem, tentando parecer menores do que são e fogem sem serem
notados, ou tentam parecer maiores, curvando as costas e levantando os
pelos. É a tentativa felina de manipular as emoções do oponente.
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Levantar a cauda
A cauda levantada na vertical parece ser um sinal que demonstra a boa
intenção de um gato para o outro. Essa demonstração, comum nos filhotes
quando se aproximam da mãe, evoluiu durante a domesticação e, hoje,
quando um gato levanta sua cauda e outro gato corresponde com o mesmo
sinal, os dois se aproximam e se esfregam uns nos outros, demonstrando
que são amigos. A cauda levantada é o sinal mais claro da afeição de um
gato por um humano.
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Esfregar-se nas pernas do dono
Trata-se de um dos sinais táteis com o qual um gato comunica sua
amizade. Quando um gato esfrega seu corpo em outro ele reafirma a
confiança entre eles. Nas pernas do dono, ele declara sua afeição.
Normalmente, primeiro ele levanta a cauda e depois fricciona seu corpo,
seja em outro gato, seja nas pernas dos humanos.
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Trazer animais mortos para casa
Depositar animais mortos no chão é uma atitude remanescente do instinto
caçador felino. Depois de caçar, ele simplesmente traz a presa para
casa. "Quando o gato chega em casa, no entanto, lembra-se de que os
ratos não são tão gostosos quanto a comida que seu dono lhe dá – e
abandona a presa, para a revolta do proprietário", afirma Bradshaw. O
autor desmente a ideia de que os gatos trazem a presa para nos
alimentar, como as mães-gatos fazem com os filhotes. Os gatos nos
enxergam, provavelmente, como gatos grandes: um pouco como suas mães, um
pouco como um gato superior.
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Não se dar bem com outros gatos
Gatos são animais territoriais e solitários. Depois de adultos, eles
geralmente se dão mal com outros gatos – exceto os membros de sua
família, que conhecem quando filhotes. Por isso, quando dois adultos são
colocados na mesma casa, separam suas áreas e costumam brigar. A melhor
maneira é dividir os locais onde comem e dormem. Mesmo assim, se houver
gatos mais velhos na vizinhança, os mais novos costumam ficar
amedrontados e estressados – e isso pode fazê-los adoecer e morrer.
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FONTE/VEJA.COM
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