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sábado, 13 de agosto de 2011

A Importancia do Sol e da Lua no Mapa Astral



Howard Sasportas:
“Não tenho modo de enfatizar em demasia a importância do Sol. Em minha opinião, ele é o coração do mapa. Isso não deve surpreendê-lo se você se lembrar de que ele compreende 99,8% do Sistema Solar. É o Sol, que direta ou indiretamente, fornece toda a energia que sustenta nossa existência terrena (...) Tenho certeza de que, para nos sentirmos completos e realizados, precisamos expressar nosso signo solar; precisamos tentar nos desenvolver na esfera da vida associada com a casa em que o Sol está colocado em nosso mapa, deveríamos tentar encontrar maneiras construtivas de personificar , integrar e utilizar qualquer planeta que forme aspecto com nosso Sol (...) (...) Medite sobre o glifo do Sol. É um círculo que representa o infinito e a ausência de limites, mas que contém um ponto no meio. O glifo mostra o círculo da totalidade envolvendo o ponto da individualidade, descrevendo, portanto, aquilo que os junguianos se referem como o “eixo-ego-self”.

O ponto simboliza sua individualidade, seu self individual e único, o veículo pelo qual “seu espírito” ou seu Eu Transpessoal ( às vezes chamado de eu superior ) pode se expressar. O princípio do Sol define o processo pelo qual podemos diferenciar e desenvolver um “Eu” ou ego pessoal, contudo, em termos do maior crescimento e evolução, chega uma hora em que o ego pessoal precisa reconhecer e respeitar algo maior do que ele, perceber seu papel como canal pelo qual o self transpessoal ou universal pode se expressar. (....)
Em Myth and Today’s Conciousness, o analista junguiano Ean Begg explica como o arquétipo representado pelo Sol pode estar associado ao eixo ego-self: - Eu vou resumir o modo como entendo, em termos psicológicos, o arquétipo do Sol. Esses termos são o eixo ego-self e as transformações no relacionamento entre o self e o ego no decorrer do processo de individuação. O self é a totalidade psíquica, a potência original, inconsciente, omni abrangente e genética da qual, de início em espasmos isolados no começo da infância, o ego, sujeito da consciência, emerge. Em seu caminho heróico de realizações o ego mata o dragão da dependência da mãe e da família, assume a responsabilidade por ser um indivíduo em um mundo de indivíduos, joga unilateralmente suas cartas mais fortes e viaja por lugares cada vez mais distantes de seu primeiro lar, atribuindo tudo à sua própria força e sagacidade. Em algum instante, porém, a fascinante atração da totalidade primitiva se impõe novamente e da agonia subsequente despertar, morte e renascimento – surge um novo alinhamento. O ego relativizado reconhece a existência de outros conteúdos psíquicos e se torna consciente de sua responsabilidade como expoente do self, sua fonte e sua meta, bem como do cominho entre eles e do impulso de trilhá-lo.” “Não há dor mais letal do que o asseio de sermos nós mesmos” Lua “Luna, como já foi cabalmente mencionada, é o oposto do Sol, por isto é úmida, de luz fraca até a escuridão, feminina, corpórea, passiva..... De acordo com isso, seu papel mais importante, é ser parceira do Sol na conjunção. Como uma divindade feminina de brilho suave, ela é a amante. Já Plínius a chama de “femininum ac molle sidus (astro feminino e suave). É soror et sponsa (irmã e noiva), mater et uxor Solis ( mãe e mulher do Sol): (...) Em Atenas, o dia da lua nova era considerado a data mais favorável para um casamento, também é tradição árabe, casar-se na lua nova; o Sol e a Lua são cônjuges que se abraçam no 28° dia.

De acordo com essa concepção antiga, a Lua é um vaso do Sol: Luna é um receptaculum universali omnium, principalmente do Sol, e é chamado também de “infundibulum terrae” (funil da terra) por receber “as forças do céu e as deramar” (recipit et infundit); ou também se diz que a umidade lunar (lunaris humor) recebe a luz solar, ou que a Lua se aproxima do Sol para “como que haurir de uma fonte a forma universal e a vida natural”, ou que ela proporciona a concepção do “sêmem universal do sol” em sua quintaessência, o “ventre uterus naturae” (ventre e útero da natureza)” C.G.jung, Mysterium Coniunctionis.

Para o primitivo, só a Lua tinha a capacidade de gerar, e entendiam esses povos, que a mulher é da mesma natureza que a Lua, pelo seu ciclo menstrual, que tem a mesma duração do ciclo lunar. A Lua, era então a responsável pela vida, por gerar homens, animais e plantas. A personalidade consciente do homem, sendo masculina, está sob a regência do logos, o Sol. No inconsciente, entretanto, ele é transferido para “o outro lado”. Lá, rege sua alma, que a humanidade tem considerado como sendo feminina, é o reino de sua anima, onde ela é senhora e todo poderosa. Como pode ser facilmente observado, a Lua em nosso mapa natal, simboliza a mãe física, biológica, que nos gerou. E representa mais, como simbólica, representa todo o relacionado com a maternidade, e mesmo a imagem interior que fazemos da mãe e da maternidade, contaminada pelas expectativas da totalidade do arquétipo no inconsciente coletivo. Ela é o princípio de eros, o princípio feminino, que funciona tanto no homem como na mulher, mas enquanto na mulher, a sua personalidade consciente é que está sob a regência desse princípio, no homem, não é seu consciente que está subordinado a ele, mas seu inconsciente, esse sim, é regido por Eros. O eros é um princípio espiritual ou psicológico, ou em termos antigos, uma divindade.

Na natureza, esse princípio aparece como uma força cega, fecunda e cruel, criativa, acariciadora e destrutiva. É o poder sombrio do feminino, onde está contido o ódio e o amor. Esse princípio é simbolizado pela Lua, em contraposição ao princípio masculino, cujo símbolo é o Sol. O mito da criação no Gênesis, afirma: “Deus criou duas luzes, a luz maior para reger o dia, e a luz menor para reger a noite”. Para esses antigos povos, a fase crescente da Lua representava o aspecto produtivo do poder celestial, e a fase minguante, por outro lado, os poderes da destruição e da morte. Era a época em que as energias invocadas, eram as da destruição, as forças do submundo. Ela está relacionada, ao contrário da sua fase crescente, ao reino da morte. Era assim que esses homens que nos antecederam, sentiram-se, e hoje, inconscientemente, anda sentimos e agimos como o homem primitivo. Estamos conectados inexoravelmente à ela, através do inconsciente.

A Lua é então, como já vimos, uma representação da Mãe, com todas as suas implicações, de doadora da vida, e de acolhedora da morte. Na Astrologia, podemos nos valer dessa analogia para evocarmos Câncer, o signo regido pela Lua, em relação à Capricórnio, regido por Saturno, representando aí, a restrição, a interdição. Casa 4 e casa 10, eixo parental, que na sua base inferior, relaciona-se à regressão, ao mundo lunar pessoal e regressivo, incestuoso, que aprisiona e obsta o crescimento. Em seu ápice, a casa 10, uma liberação das amarras lunares, a mãe passa a ser a cidade, como uma instância da pátria e do mundo, permitindo um acolher restritivo, com limites que são impostos, com normas e regras específicas, que nos aproximam cada vez mais do mundo do pai. Assim, podemos observar, com base no que foi exposto, que o mesmo símbolo que doa a vida, pode representar a regressão, a paralisação e a morte.

A Lua quando não se faz acompanhar do Sol, é apenas a ilusão da vida, um pálido reflexo do que se poderia ser. Devemos estar cientes de que um símbolo não é somente um indício ou um emblema, uma imagem escolhida, mas algo muito mais significativo. Assim, a nossa história, a história dos nossos ancestrais, está ligada à Lua, enquanto que o cenário político atual, as reformas sociais, e todo o futuro, está relacionado ao Sol.

A Lua, está associada ao devaneio, enquanto que o Sol, com a capacidade de sonhar. A Lua é interior e descendente: as cavernas, as profundezas, as tumbas, o submundo, o mar, a alma. O Sol é o movimento ascendente, a subida vertical, a escada, o falo, o espírito. Os valores individuais, são prerrogativas solares, fazem parte da conquista do herói solar, e não do reino obscuro do feminino. Na consciência matriarcal, não existe o valor da realização pessoal, não chegamos à casa 10 ou Meio do Céu, pois ficamos simplesmente, a mercê da casa 4 ou Fundo do Céu. Presos às prerrogativas lunares, seremos as eternas crianças, vivenciando a morte do indivíduo que deveríamos ser. Elas dizem respeito ao aprisionamento da família, da infância, da segurança uterina. Já Cristo disse: “ aquele que não abandonar mãe e pai, não entrará no Reino dos Céus “, onde poderemos ler: “aquele que não for capaz de abandonar o Paraíso da Infância, não se tornará Homem.”

Ao ficarmos retidos no Paraíso lunar, cresceremos num estado de inflação característico da fase em que nascemos. Essa é uma prerrogativa de uma época em que não existe ego ou consciência. Tudo ainda se encontra contido no inconsciente. Esse é um estado de harmonia, perfeição e unidade ilusórias. O mal relacionamento entre Sol e Lua no mapa natal, e fundamentalmente uma predisposição da Lua por posicionamento natal a eclipsar a luz do Sol, são os maiores fatores responsáveis pela regressão. O indivíduo se mantém preso à matrix, à mãe e retido por sua Lua, é jogado outra vez ao passado, através de sentimentos e lembranças de um estado de ser paradisíaco onde não era necessário desembainhar a espada e partir em busca do futuro. Essa característica lunar é como os tentáculos de um polvo que aprisionam o ego emergente, para o afogar uma vez mais no oceano. É a luta do herói que tem que matar o monstro, a necessidade de reforço das características solares no mapa natal.

O Deus patriarcal, o pai, o fogo, o Sol, são sinônimos mitológicos e símbolos da criação e do criador. O Sol é o pai visível do mundo, aquele que o fecundou e criou. É o próprio Sêmen do progenitor. Seu princípio é o da paternidade, correspondente à própria força vital fecundadora capaz de gerar o homem e o mundo. Ele representa ainda a força psíquica que denominamos libido, que se encontra disponível para ser usado pela consciência, dando movimento, propiciando e gerando vida. A imagem do falo é uma simbólica análoga à do Sol, enquanto penetração, ação e fecundação. Seu princípio é dinâmico, viril, motor.

Quando dizemos que essa é uma luta masculina, que o Sol é sempre masculino, não estamos nessa leitura fazendo uma associação com o homem enquanto ser sexuado, pois esta é tão somente, uma representação do fator masculino da psique: o ego do homem e o animus da mulher.

Por essa associação, mais uma vez, analogicamente, o Sol se encontra associado ao Pai, ao Criador, ao Logos, à Consciência. Um dos símbolos a ele também associados é a espada, representando o que tudo corta, disseca, discrimina, raciona, elimina, secciona, parte, rotula, reparte e separa. É a consciência em ação, se utilizando de seu poder reparador e iluminador, impulsionando para o futuro, para o que está por vir, a superação dos obstáculos, a conquista e a capacidade de crescer para que mais tarde então, seja capaz de reunificar.

Esse luminar, é o ponto que mais indícios nos traz sobre nosso pai pessoal, e sobre a qualidade de nosso relacionamento com ele. Ele se reporta ainda aquilo que herdamos dele, e aquilo que temos que organizar, estruturar, fazer viver, pois não foi cumprido por ele em sua totalidade.

O Sol nos reporta a um repasse de responsabilidades adquiridas por sermos filhos daquele pai específico. Através do nosso Sol, nosso pai será redimido, revitalizado e fortalecido. Só que o pai não se opõe necessariamente ao matriarcado e ao feminino, como se supõe, pois eles constituem fases evolutivas simbólicas, só que ele representa o desenvolvimento da consciência solar, a libertação e a independência dos instintos, do inconsciente, da mãe, para que seja possível o desenvolvimento da autonomia do ego, que vai se colocar no comando e na direção da consciência.

Astrologia: Os solsticios e os equinócios



Os Solstícios e os Equinócios
A redenção da Terra, o seu estatuto e a sua função no futuro fazem parte da Obra [alquímica] que compete ao 9.º grau dos Mistérios Menores [9.ª Iniciação Menor]. Este grau é celebrado nas noites de Solstício de Inverno e de Solstício de Verão [meia-noite], pois este ritual não pode ser realizado em nenhum outro tempo. Os solstícios marcam o momento em que a vibração terrestre é mais elevada, e em que os Raios Cósmicos da Vida Crística estão a entrar profundamente (Solstício de Inverno) ou a sair definitivamente (Solstício de Verão).

Esta tradição esotérica é confirmada pelos antigos rituais dos Mistérios pagãos, que os Novos Mistérios Cristãos vieram substituir e elevar de grau vibratório. Os historiadores costumam invocar um velho almanaque romano chamado Cronógrafo, do ano 354 d. C., da autoria de Philocalus (autor incerto), também conhecido como Calendário Philocaliano , e que cita o ano 336 como o primeiro em que a Igreja festejou a celebração do Natal em 25 de Dezembro. Na Igreja arménia o dia 25 de Dezembro nunca foi aceite para data do Natal, mantendo-se a antiga tradição Iniciática de celebrar o dia 6 de Janeiro (Dia de Reis), considerado o «12.º Dia sagrado» da tradição mistérica cristã. De acordo com a autora rosacruciana Corinne Heline, o período de 12 dias que decorre após a festividade solsticial do Natal, entre o dia 26 de Dezembro e o dia 6 de Janeiro é um período de profundo significado esotérico e constitui o «coração espiritual» do ano que vai seguir-se: é o lugar-tempo mais sagrado de cada ano que entra, designa-se por «Os Doze Dias Sagrados» e está sob a influência directa das Doze Hierarqias Zodiacais, que projectam sobre o planeta Terra, sucessivamente e durante cada um desses 12 dias, um modelo de perfeição tal como o mundo será quando a obra conjugada das Doze Hierarquias por fim se completar.

Segundo alguns historiadores, estaria na associação de Cristo com o «Sol de Justiça» a escolha do Solstício de Inverno para celebrar o «nascimento do Sol invencível», Natalis Solis Invicti, um ritual pagão (Saturnalia) que festejava, com ritos de alegria e troca de prendas, desde o dia 17 de Dezembro e até ao dia 25, o momento em que o Sol «cresce», ou renasce, após o dia ter atingido a sua duração mais curta (21-22 de Dezembro). Com efeito, nessa data o Sol atinge a sua declinação-Sul máxima, cerca de 23º 26’, estacionando nela durante três dias e retomando o «caminho do Norte» a partir do dia 24 ou 25. A data de 25 de Dezembro era igualmente o data do nascimento do deus Mithra, dos Mistérios Iranianos. Mithra era designado por «Sol de Justiça» — ou melhor. «Sol de Justeza» —, provavelmente por alguma influência do antigo Egipto. Reza uma antiga lenda que Moisés foi instruído e iniciado na grande Escola de Mistérios de Heliópolis, a cidade sagrada perto de Mênfis a que os Egípcios chamavam On ou Annu. Não surpreende, portanto, que o símbolo solar de Râ, o Esplendor Alado, se tenha mantido na tradição hebraica e nas áreas afins do Médio Oriente, como nos testemunha o profeta Malaquias, ao afirmar que «o Sol de Justeza se erguerá com a salvação nas suas asas [ou: nos seus raios]» (Malaquias 3, 20 [4, 2]).

Assim, o percurso solar ao longo do ano marca os «passos iniciáticos» do percurso de Cristo e, ao mesmo tempo, marca os pontos fulcrais da liturgia ao longo do ano, em referência às «provas» cíclicas por que tem de passar todo o ser humano na sua via evolutiva : Quando o Sol em 21 de Dezembro entra em Capricórnio (signo regido por Saturno, daí os Saturnalia), os poderes das trevas de certo modo tomam conta do «Dador da Vida», mas dá-se o renascimento após os três dias de «paragem» (sol-stitium = sol + sistere, suster, parar), ou seja, o dia 25 marca o termo do «ciclo solsticial». A partir do dia 26 de Dezembro inicia-se um segundo ciclo de especial significado iniciático: entre o dia 26 de Dezembro (1.º Dia Sagrado) e o dia 6 de janeiro (12.º Dia Sagrado) ocorria a preparação ritual dos catecúmenos que eram baptizados no Dia de Reis (Primeira Iniciação). Estes «Doze Dias Sagrados», que acompanham a fase inicial do renascimento do «Sol Invencível», eram como que um resumo do ano zodiacal seguinte, e, tal como já se referiu, estavam sob a protecção das Hierarquias Celestes que tradicionalmente regem os 12 Signos do Zodíaco.

Aproveito para mencionar, antes de prosseguirmos, a razão cosmográfica por que fica o Sol «parado» aparentemente, durante três dias por ocasião dos Solstícios. Tem a ver com as declinações, e não com as longitudes celestes.

Se consultarmos as Efemérides planetárias verificaremos que de uma forma geral e com pequenas variações de ano para ano, o Sol atinge a sua declinação-Norte, máxima (cerca de 23º 26'-Norte) no mês de Junho entre os dias 20-24, e a sua declinação-Sul, máxima (cerca de 23º 26'-Sul) no mês de Dezembro entre os dias 20-24. Como sabemos, a Astrologia funciona em projecção geocêntrica, e a declinação dá-nos a maior ou menor angulação que o astro considerado faz com o Equador, tal como visto da Terra. Assim, à medida que os dias se vão aproximando de Junho, a declinação do Sol vai aumentando: passa de 0º em 21-22 de Março até atingir um máximo de 23º 26' em 20-21 de Junho: 23º 26' (daí o verbo sistere, que compõe «solstício»),então parece que fica «parado» cerca de três dias nos uma vez que estamos a vê-lo em projecção geocêntrica contra o fundo da Esfera Celeste, e a partir do dia 24-25 volta «para trás» e os dias começam a diminuir.

Em Agosto, por exemplo, já está nos 17º e depois decresce para 16º, 15º, etc, até que chega novamente aos 0º, ou seja, o momento em que «cruza» o Equador para passar do norte para o sul. Nesta «descida», os 0º ocorrem por volta de 22-23 de Setembro, e neste caso o dia é igual à noite (Equinócio). Em Dezembro ocorre o mesmo fenómeno mas em sentido inverso: quando chegamos ao dia 21 o Sol atinge a declinação-Sul máxima, e fica cerca de três dias «parado» nos 23º 26', até que depois começa a «subir» e os dias vão aumentando a pouco e pouco. Ou seja, no momento do Solstício atinge-se o máximo de «nocturnidade», que dura (em projecção aparente) três dias, iniciando-se o renascimento da Luz a partir de 24-25 de Dezembro.

Em seguida o Sol passa por Aquário, ou Aguadeiro (chuvas; saturnino mas também urânico). Quando chega a Peixes (regido por Júpiter), por altura sensivelmente do Carnaval, é o «adeus à carne» (caro, carnis, vale!), a Quaresma, o jejum, a alimentação a peixe: é um período jupiteriano, ou jovial, mas também neptuniano ou de elevação espiritual, pois, segundo a Astrologia clássica Neptuno, regente do signo Peixes, é o planeta da Divindade, da consciência cósmica, das influências de entidades suprafísicas; é a oitava superior de Mercúrio e o seu raio espiritual é o Azoth (termo técnico designativo do 4.º princípio alquímico, o Espírito Todo-Abrangente), e representa todos os Seres Superiores que ajudam a humanidade desde os planos invisíveis.

A passagem do Sol por Carneiro (regido por Marte) simboliza o cordeiro Pascal, marcial, morte na cruz, o ferro da lança de Longinus, é o momento do Equinócio da Primavera (21-22 de Março: declinação de 0º) quando o Sol cruza o Equador celeste de Sul para Norte, voltando a alumiar os céus setentrionais, dando-se assim a passagem para Touro (regido por Vénus), símbolo do amor e da subida ao Reino dos Céus, ou regresso à «Casa do Pai». Toda esta «liturgia» culmina em pleno no Ritual do Solstício de Verão (21-22 de Junho), que já era celebrado nos antigos Mistérios como festa das messes e das colheitas, e cujo exemplo literário mais conhecido é o clássico de Shakespeare, A Midsummer Night’s Dream, um grande festival esotérico das fadas e dos silfos, em que intervêm o rei das fadas, Oberon, e a rainha das fadas, Titania. A liturgia cristã associa este tempo ao festejo de S. João o Baptista, o Precursor (24 de Junho), que antecede e anuncia o Solstício seguinte, o de Inverno, ou o Natal do Cristo: daí as palavras de João o Baptista: «Fui enviado adiante d’Ele» (João 3, 28) e «Ele há-de crescer, e eu diminuir» (João 3, 30).

Por sua vez a Páscoa cristã acabou por ficar definida, pela Igreja, de acordo com a data adoptada pelas primitivas comunidades iniciáticas cristãs, e que envolve uma relação Soli-Lunar: celebra-se no primeiro Domingo após a primeira Lua cheia após o Equinócio da Primavera. Esta relação, de um ponto de vista esotérico, era importante para simbolizar o significado cósmico desse evento: o Sol e a Lua são igualmente indispensáveis, pois não se trata apenas dum festival solar. O Sol tem de «cruzar» o Equador (Crucificação), como o faz no Equinócio Vernal, mas a sua luz tem de se reflectir na terra através da Lua cheia, antes que a Ressurreição (iniciática) possa ocorrer. Isto significa que a humanidade ainda não atingiu o grau de evolução suficiente para receber em pleno a «Religião do Sol», do Cristo-Logos (Cristo Cósmico), ou seja, da «Irmandade Universal», e que ainda precisa das Leis dadas pelas Religiões Lunares, diversificadas consoante as raças, nações, etc.

Outras comunidades, que haviam perdido o simbolismo oculto deste facto, adoptaram outras datas, como por exemplo o regresso à «verdadeira» Páscoa histórica ou Páscoa judaica, Pesach, no dia 14 do mês de Nisan. Isto gerou controvérsias que chegaram a durar até ao século VIII. A Igreja Ortodoxa oriental adoptou uma data diferente da das Igrejas ocidentais, de modo que a Páscoa ortodoxa pode umas vezes coincidir com a Páscoa católica e protestante e outras vez ocorrer uma e até quatro ou cinco semanas depois.

Antes de concluir, talvez valha a pena reflectir um pouco sobre alguma dúvidas que podem assaltar as pessoas que vivem no hemisfério sul do planeta Terra, sobre se os influxos ensinados por Max Heindel para o hemisfério norte também se lhes aplicam, ou não, e em que medida. Aparentemente, o hemisfério sul do planeta Terra não é «contemplado» nas alegorias associadas ao Rosacrucismo e à Astrologia — e não só: o Hermetismo e a Cabala também estão vocacionados, praticamente, para os céus do hemisfério norte.

Dois aspectos têm de ser considerados: o aspecto diacrónico, ou o que se passou historicamente, e o aspecto sincrónico, ou o que se passa na actualidade. Historicamente: — Os diversos esoterismos que surgiram e se desenvolveram ao longo da história, assentam nos seguintes «corpos disciplinares»: Astrologia, Alquimia (Hermetismo), Magia e Cabala. O Sol e a Lua, os sete planetas e as 12 signos zodiacais constituem, naturalmente, uma antiquíssima matriz sobre a qual se construiu todo um sistema vital para os seres humanos, atendendo à importância que tinha (e ainda tem!) o conhecimento das estações, das chuvas, dos degelos, dos calores estivais, dos eclipses, das hibernações, etc. etc., enfim, todos os fenómenos que se repetem ao longo do ano e que afectam o «calendário», que importa conhecer para controlar a continuidade de vida, quer vegetal quer animal.

Ora as grandes civilizações da história da humanidade desenvolveram-se no hemisfério norte: China, India, Japão, Pérsia, Suméria, Assíria, Babilónia, Egipto, Frígia, Grécia, Roma, Islão, etc., e até, além-Atlântico, os Maias, os Quichés, os Aztecas, etc. (A única excepção é o império Inca, a sul do equador, destruído no século XVI pelos Espanhóis).

As Astrologias daqueles povos eram naturalmente muito semelhantes, e acabaram por ser unificadas, de certo modo, depois das conquistas de Alexandre Magno (menos, claro, as do continente americano que ainda não era conhecido...), passando para o Ocidente por obra do famoso livro de Ptolomeu intitulado Tetrabiblos (séc. II d.C.). Não surpreende, portanto, que tenha surgido toda uma ritualização dos fenómenos celestes associada à religião e ao esoterismo: o Natal / Solstício de Inverno, Páscoa / Equinócio de Primavera, etc, bem como os festivais de fertilidade, das sementeiras, das colheitas, etc. associados aos fenómenos celestes, soli-lunares, zodiacais, etc. A associação do Cristo ao «Sol de Glória», ainda hoje corrente na Igreja católica, como vimos atrás, continua a ser um testemunho disso, para além de muitas outras ocorrências que se encontram tanto nas religiões de Mistérios como nos actuais esoterismos — rosacrucistas ou outros.

Actualmente: — Antes da saga dos Descobrimentos (séculos XV e XVI), as regiões do hemisfério sul, constituídas por pouco mais do que uma parte da América do Sul, a metade inferior da África, e a Oceânia, eram habitadas por povos proto-históricos com pouco ou nenhum impacto civilizacional nas nossas culturas. Com a «colonização» dessas regiões pelos povos do Norte, os mitos civilizacionais destes povos foram naturalmente implantados no Sul, incluindo os ritos e as festividades associados não só à religião, mas também aos mitos e aos ciclos astrológicos correlativos. Entretanto, as regiões do Sul que de início eram apenas «extensões» civilizacionais do Norte, foram assumindo progressivamente uma grande importância, com as sucessivas independências e autonomização cultural de países como a Argentina, o Brasil, o Chile, a África do Sul, Angola, Moçambique, Austrália, etc. etc. — Como as estações se apresentam invertidas em ambos os hemisférios — quando no Norte é Verão no Sul é Inverno, quando no Norte é Primavera no Sul é Outono — cria-se uma situação relativamente estranha nesses novos países do Sul, que naturalmente importaram os «mitos» do Norte donde provieram, mantendo as datas, mas com aspectos contrários: o Natal, por exemplo, é igualmente festejado no Norte e no Sul na mesma data, mas as estações são diferentes.

Há no entanto uma coisa que se mantém idêntica no Norte e no Sul, independentemente da inversão das estações: é a DISTÂNCIA, maior ou menor, a que o Sol se encontra da Terra. A Terra percorre uma elipse em torno do Sol, ao longo do ano, e não uma circunferência perfeita, e o Sol ocupa um dos focos dessa elipse. Por altura do Solstício de Dezembro, o foco em que o Sol se encontra está mais PRÓXIMO da Terra, fazendo, portanto com que a Terra seja permeada mais fortemente pela aura do Sol Espiritual, com o correlativo aumento do Fogo Sagrado inspirador de crescimento anímico nos seres humanos. Inversamente, no Solstício de Junho, a Terra está no máximo AFASTAMENTO do Sol, o que provoca uma diminuição de espiritualidade com o correlativa intensificação e pujança de vitalidade física. Portanto, é perfeitamente natural que a partir do Equinócio de Setembro, quando a espiritualidade áurica do Sol começa a aproximar-se e a vitalidade física começa a esbater-se, as pessoas sintam, tanto no hemisfério norte como no hemisfério sul, um certo afrouxamento do ponto de vista físico, e, em contrapartida, uma maior propensão para o recolhimento interno, para a introvisão e atracção pelo estudo dos mais profundos mistérios da vida.

Em resumo, tanto no Norte como no Sul, ainda que as estações sejam opostas, os influxos quer físicos quer espirituais, decorrentes da distâncial focal da Terra ao Sol, são idênticos. Esta data celebrava o facto de os Judeus, ao tempo em que estavam no Egipto, terem sido poupados às forças da destruição do «Anjo Exterminador» que matou todos os primogénitos egípcios, incluindo o filho do faraó. O Anjo disse ao Judeus que fizessem nas suas portas uma marca com o «sangue do cordeiro», para significar que eram filhos de Deus, e a devastação sobre o Egipto passou pelas casas deles sem os afectar (Êxodo 12, 15-51).

Carlinhos Lima – Astrologo, Tarologo e Pesquisador.

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