A Estrela de Belém que guiou os astrólogos do Oriente.
Toda a gente sabe, ou calcula que a estrela de Belém tem uma origem bíblica. Mas essa sua origem bíblica se resume apenas a uma pequena referência, de 12 versículos no Evangelho de São Mateus, no capítulo 2.
Meteus: "1 E, tendo nascido Jesus em Belém de Judeia, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos vieram do oriente a Jerusalém, 2 Dizendo: Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no oriente, e viemos a adorá-lo. 3 E o rei Herodes, ouvindo isto, perturbou-se, e toda Jerusalém com ele. 4 E, congregados todos os príncipes dos sacerdotes, e os escribas do povo, perguntou-lhes onde havia de nascer o Cristo. 5 E eles lhe disseram: Em Belém de Judeia; porque assim está escrito pelo profeta:6 E tu, Belém, terra de Judá, De modo nenhum és a menor entre as capitais de Judá; Porque de ti sairá o Guia que há de apascentar o meu povo de Israel. 7 Então Herodes, chamando secretamente os magos, inquiriram exatamente deles acerca do tempo em que a estrela lhes aparecera. 8 E, enviando-os a Belém, disse: Ide, e perguntai diligentemente pelo menino e, quando o achardes, participai-mo, para que também eu vá e o adore. 9 E, tendo eles ouvido o rei, partiram; e eis que a estrela, que tinham visto no oriente, ia adiante deles, até que, chegando, se deteve sobre o lugar onde estava o menino. 10 E, vendo eles a estrela, regozijaram-se muito com grande alegria. 11 E, entrando na casa, acharam o menino com Maria sua mãe e, prostrando-se, o adoraram; e abrindo os seus tesouros, ofertaram-lhe dádivas: ouro, incenso e mirra. 12 E, sendo por divina revelação avisados em sonhos para que não voltassem para junto de Herodes, partiram para a sua terra por outro caminho."
Nenhum dos outros evangelistas faz qualquer alusão à estrela ou aos Magos do Oriente. Nos anos que se seguiram à morte de Jesus Cristo, a estrela aparece apenas mencionada num escasso número de textos. Um deles é o evangelho apócrifo de Tiago, que faz parte de um grupo de textos não incluídos nas Sagradas Escrituras por não terem sido considerados, pela igreja, como de "inspiração divina".
Alguns estudiosos também dizem que pode ter sido inseridos esses capitulos não por Mateus, mas, por copistas, só pra incrementar, sincronizando o Evangelho com antidas profecias. Outros que estudam temas mais ocultos, acreditam que toda essa historia têm haver com a Cabala, com o Estoerismo e ainda com a influência dos Essênios.
A referência é enfatizada, como podemos ver, em Tiago (21:2). No entanto, os textos de Tiago não são tão conhecidos como os de Mateus. Mesmo assim esse relato de Tiago, torna o assunto curioso mesmo sendo uma passagem tão pequena dos evangelhos com uma força tão grandiosa que a sua influência tornou-se numa das crenças mais enraizadas da nossa cultura. A simbologia da Estrela de Belém, ficou associada ao Natal, não só pelo fato de está ligada as profecias, mas, por conter nessa historia contextos exuberantes de ligação ao Cosmos, ao Divino e ao misterioso mundo do sobrenatural, aqui representado pela Astrologia.
Veja que os personagens que se dizem magos, não pertencem a religião, mas, captam ao mesmo tempo as mensagens, sabendo o periodo exato de sua chegada e tornando-se dos primeiros que esperavam o prometido, a virem visita-lo! Vejam que ao contrario dos sacerdotes hebreus, eles não se valiam somente de profecias, mas, olhavam o céu fazendo analises cauculos e inspiramente acreditavam na influencia dos alinhamentos astrologicos. A Biblia reconhece aqui o valor da Astrologia, quando esta é usada pela luz do bem e em obediência ao Criador.
E já no Antigo Testamento os profetas falavam na vinda do Messias e algumas passagens podem ser interpretadas considerando que esse advento seria indicado por um sinal celeste. No Livro dos Números, por exemplo, o mago Balaão é chamado pelo rei dos Moabitas, Balaque, para amaldiçoar Israel, mas por ordem de Deus acaba por fazer exatamente o contrário. Balaão profetiza: Vê-lo-ei, mas não agora, contemplá-lo-ei, mas não de perto; uma estrela procederá de Jacó e um cetro subirá de Israel, que ferirá os termos dos moabitas, e destruirá todos os filhos de Sete. Números(24:17). Ao contrario dos adulteradores, que tentaram distorcer a importancia da Astrologia, tentando incorpora-la a uma lista de seitas satanicas, pode-se notar que os escolhidos sempre perceberam sua importancia como ciência divina.
O texto, no qual Balaão profetiza, muitos interpretam identificando a estrela com o rei David, assim foi várias vezes decifrado como um presságio da Estrela de Belém, quando olhado num contexto mais profundo sem fanatismos.
Certamente a crença na estrela têm origem nas antigas profecias e assim talvez faça mais sentido. Como imagino tambem, que as Antigas profecias, tenham se inspirado em conceitos e revelações astrologicas de Antigos magos, como Melquisedec e até José do Egito, mesmo que os livros tenham sido adulterados, tirando citações importantes.
Encontra-se em um unico livro, menção sobre essas profecias no Antigo Testamento, nestes versículos de Miquéias (5:2), que os sacerdotes de Herodes mencionam e que não refere qualquer estrela. Mateus relata apenas o que os Magos teriam visto.
Naquela época todo Estado Judeu, era dominado pela cultura pagã dos romanos. E o conceito deles era sempre de que nascimento ou morte de rei era acompanhado por um "fenômeno" que o pressagiava, assim, Mateus pode ter querido estender o alcance da história de Jesus Cristo como o enviado de Deus. Por isso ter sido influênciado por essa cultura romana da época e se referido a esta imagem, que pode ser apenas simbólica, ou ser um fato literal que pode ter sido um evento astronômico.
Mas, esse assunto vai muito mais além, pois, no tempo das primeiras profecias, a cultura dominante não era a Romana. Além do mais os magos descritos, vinham de outro país do Oriente. Tambem lemos em muitos trechos da Bíblia onde os autores se referem há grandes acontecimentos através de eventos celestes. O Apocalipse nos (Cap. 2,28 e 22,16) é um bom exemplo desse uso de eventos astronomicos.
Um astro celeste, como Vênus ou Júpiter, ou então uma luz ou um resplendor, que já nas antigas escrituras representavam à glória de Deus (Salmo 18,1-2), nos deixa claro que o homem não só o primitivo ou pagão, adora as estrelas, comtemplava os astros e sabia marcar o tempo, prevêr acontecimentos, atraves da observação dos ciclos ou movimentos dos astros.
Tudo isto evidenciando a atitude de humildade dos homens, reis ou magos prestando vassalagem, perante o Messias. Tenha ou não sido simbólica, a imagem funcionou e chegou até nós. Isso dá-lhe um credito maior, porque mostra que têm consistencia e força.
A Estrela de Belém aparece em muitas das representações da Natividade que foram sendo criadas ao longo dos séculos. As mais antigas mostram uma estrela simples, de seis, sete ou oito pontas, como é o caso de algumas, do séc. IV, encontradas em sarcófagos no Vaticano, ou, do séc. VI, em mosaicos de Ravena.
Alguns pesquisadores sugerem que a estrela poderia ter sido semelhante a um cometa, isso vem referido nos escritos de Origen de Alexandria, filósofo e teólogo que viveu entre 185 e 254 D.C. e um dos primeiros a procurar uma interpretação natural para o fenômeno. Origen fala de uma nova estrela diferente das conhecidas no céu e que poderia ter sido um cometa. Os cometas costumavam prever mortes e não nascimentos, mas Origen chega a referir um texto de um filósofo egípcio que dizia exatamente o contrário.
Para teólogos mais respeitados, como Santo Agostinho (354-430), a estrela terá sido um milagre, uma força divina que terá tomado a forma de uma estrela. Ainda hoje muita gente acredita nesta justificação. A contribuição mais importante para se começar a pensar na estrela como um fenômeno astronômico real terá sido dado, já no séc. XVII, pelo astrônomo alemão Johannes Kepler.
Antes do Natal de 1603, Kepler observou uma conjunção entre Júpiter e Saturno. Os planetas estavam muito próximos, separados apenas por um arco de grau, na constelação de Peixes. Kepler fez então uma série de cálculos que lhe permitiram concluir que uma conjunção semelhante teria ocorrido no ano 7 A.C.. Mas essa conjunção tivera uma particularidade, fora uma conjunção tripla, ocorrida entre Maio e Dezembro desse ano remoto. Uma conjunção tripla é um fenômeno raro, que ocorre devido ao movimento retrógrado aparente de um dos dois planetas, que faz com que eles se cruzem no céu três vezes durante um período de poucos meses.
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